Vícios modernos e hábitos ruins

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Vícios modernos

Entrei numa cafeteria pra ver se encontrava algo para comer e senti um delicioso cheiro de café. Não daqueles cafés mornos de recepção de consultório médico, mas um caprichado, provavelmente com um grão importado de outra galáxia tamanha a deliciosidade daquele aroma.

Tinha saído de casa meio correndo de manhã e não tive tempo de tomar o meu café diário. Aquele aroma maravilhoso ficou na minha mente e quando finalmente cheguei em casa, passado das 9 da noite, fiz um cafézinho. Aliás, cafézinho não. Mandei foi a térmica toda do preto sem açúcar pra dentro.

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Cerveja, café, cigarro, açúcar, sal, pornografia, facebook, twitter e outros vícios modernos: quase todo mundo tem um nessa vida.

Por motivos de saúde eu quero dar uma maneirada no café, mas tá difícil. Um hábito matinal que começou há anos atrás hoje já é, sem dúvidas, um vício.

Linha tênue entre hábito e vício

Bem antigamente eu não era de café, mas minha mãe sempre bebeu muito e eu fui na onda. No começo, gostava só de molhar uma bolacha maria nele, empapando e deixando ela molinha e suculenta. Depois, comecei a beber um pouquinho aqui e ali. Abandonei leite e açúcar, mas comecei a tomar mais café preto. Por dificuldades de encontrar café pra passar, já fiquei na base do café solúvel na China e naqueles saquinhos com mistura 3 em 1 quando viajava, mas sempre dei um jeito de tomar.

O café não sai mais de mim. Acordar de manhã e não beber faz meu dia parecer incompleto. Hoje, geralmente tomo uma térmica cheia quando acordo e às vezes me seguro para não beber mais à tarde. Não é mais hábito, é vício.

Uma vez fui diminuindo gradativamente o consumo até ficar em 1 xícarazinha por dia. Porém, depois fui mentindo pra mim mesmo: "ah, no fim de semana posso tomar 2 ou 3", "ah, hoje vou jogar bola e quanto mais café melhor para ficar mais alerta". Essas mentiras me fizeram voltar a consumir quantidades exageradas desse maravilhoso líquido negro.

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O que está por trás de um vício/hábito

Certa vez vi uma coisa muito interessante que me fez repensar esses hábitos negativos que temos. Infelizmente não consegui achar o material, mas a teoria do cara era de que o vício não se dá pela coisa em si, mas sim por alguma causa obscura que reside por trás.

Vamos usar como exemplo um dos maiores vícios modernos, o café. Talvez eu não esteja viciado no sabor do líquido, ou meu corpo não esteja viciado na cafeína, mas haja algum motivo por trás que desencadeie na ingestão do café. Não sei exatamente o que é, mas um desses motivos obscuros poderia ser que o café adia a escovação de dentes, que é algo chato pra caramba de se fazer. A pessoa come alguma coisa e depois fica tomando café por um período para postergar aquela tarefa infeliz. Outro motivo poderia ser que gosto de estar sempre bebendo algo, assim como gente que passa o dia tomando chá ou refrigerante.

No primeiro caso, escovar os dentes de uma vez e parar de enrolar seria a solução, enquanto no segundo trocar de café para outro líquido seria a chave. No caso de quem fuma, o vício pode ser na verdade apenas uma boa desculpa para parar tudo o que está fazendo e relaxar um pouco, várias vezes ao dia.

O jornalista Johann Hari tinha muitos viciados em drogas na família. Para tentar entender o que se passava com seus entes queridos, saiu pelo mundo estudando diferentes casos. Ele conta um pouco das descobertas que fez num TED chamado "Tudo que você pensa saber sobre vício está errado".

Começa contando sobre um experimento que fizeram com ratos. Botaram um rato sozinho numa gaiola pequena com duas fontes de água: uma normal e outra batizada com heroína. Quase 100% dos ratos escolhiam a água com heroína frequentemente, até terem overdose e se matarem.

Depois repetiram o experimento, mas ao invés de uma pequena jaula solitária, fizeram um verdadeiro parque de diversões para os ratos: túneis, obstáculos, aquelas rodinhas para eles ficarem correndo em cima, comidas, muitos ratinhos e ratinhas para que o bacanal rolasse solto. E claro: as duas águas, uma normal e a outra com heroína. Quase nenhum rato escolheu a água com heroína e os que tomaram dessa água não o fizeram com frequência, não se mataram por overdose.

O jornalista fala também que na Guerra do Vietnã, 20% dos soldados americanos usavam heroína sempre. Havia um medo no país de que quando os soldados retornassem, milhares deles iriam parar nas ruas, viciados na droga. Eles voltaram e, para a surpresa geral da nação, não foram para clínicas de reabilitação e nem foram comprar drogas. Uns 95% dos soldados que usavam heroína no Vietnã simplesmente pararam quando voltaram para os EUA.

A conclusão sugerida com base nessas 2 histórias é de que o vício nesse caso não é uma dependência química. O vício é dado pela gaiola em que os ratinhos estão. Quando os ratos (e os humanos) estão vivendo saudáveis, felizes, com conexões reais com outras pessoas e propósito na vida, não há problema de drogas. Mas quando faltam essas conexões, quando o indivíduo está solitário demais, traumatizado ou algo do tipo, acaba buscando uma outra forma de conexão, que pode resultar num vício em jogos, drogas, pornografia e por aí vai.

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O cartunista Stuart McMillen explicou o experimento do Parque dos Ratos através de desenhos

O jornalista e a conclusão a que chegou estão certos? Não sei. O assunto é deveras complicado, envolve muita investigação médica e gera uma porrada de discussões. Estou longe de ter alguma base para afirmar ou não alguma coisa, mas as considerações feitas reforçam a teoria de que muitas vezes há alguma coisa por trás do vício em si.

Assim como eu posso estar tomando minhas xícaras de café todos os dias só para continuar mandando algo para dentro do estômago, talvez o vício em drogas não seja químico, mas evidencie a falta de conexões reais e significativas na vida da pessoa.

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Algo que tenho dificuldade em parar é de roer a unha. Sempre roí, mas hoje a situação é muito pior. Meu hábito de roer a unha acabou virando um hábito de arrancar os dedos! Exemplo: quando surge uma pelinha levantada lá vai a mão oposta puxar, cutucar e machucar as pobres pontas dos dedos. É um hábito escroto e nojento que deixa meus dedos às vezes bem machucados. Depois de anos fazendo isso, a pele que nasce ali pertinho da unha já é bem diferente da do restante do dedo: é mais lisa, como a de uma cicatriz. Muitas vezes consigo controlar e curar todos os meus dedos durante alguns dias, mas basta algum compromisso importante ou um jogo do Flamengo para botar tudo a perder. Aí quando vou ver já era, está tudo esfolado de novo.

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Acabei de descobrir que o vício tem até nome (e que meu caso não é tão sério comparado com outros)

Sei que parece fácil, mas roer a unha é um hábito difícil de eliminar porque é muito automático. Para fumar um cigarrinho, por exemplo, você primeiro tem que conscientemente comprar uma carteira de cigarros ou pedir um para alguém. Depois, conscientemente acende o fumo, leva e tira da boca diversas vezes, tragando aquela fumaça envenenada. Não tem como fumar de forma automática. Se você está fumando, está fazendo de forma consciente. Mas roer as unhas, ou destruir os dedos, é diferente. As mãos estão sempre à disposição na sua frente. Mesmo que não tenha nada para roer, o viciado sempre acha um cantinho do dedo para mordiscar. E quando percebe, já está com a mão na boca há minutos. Chega a ser tão inconsciente quanto piscar ou respirar. Mas acho que essa facilidade não é a única culpada. Culpo mesmo é o estresse da vida moderna.

Como contei no post da China, em dado momento da minha vida fui passar quase 20 dias num lugar paradisíaco das Filipinas. Além do local ser maravilhoso, eu tinha um emprego novo me esperando na volta para a China e também um desafio novo, já que estava voltando para a cidade onde morei antes e ia precisar me readaptar, achar um apartamento para alugar e tal. Estava tudo certo! Eu tinha aqueles dias para relaxar sem preocupação nem compromisso algum. Eram 20 dias só para curtir a vida, mergulhar, ver peixes e beber cerveja ao pôr-do-sol.

Foram as melhores férias da minha vida, disparado. Eu saí das Filipinas absolutamente de bem com a vida, em paz total com o mundo, sem estresse e apenas com motivos para sorrir. Minha alma estava lavada e muitíssimo bem descansada. E adivinha? Nesse período eu parei de roer meus dedos e consegui mantê-los em plena saúde por semanas, sem fazer esforço.

Esse bem estar supremo foi se corroendo e eventualmente a vida na cidade grande, aliada com o trabalho, trouxeram de volta em mim o estado natural de estresse do cidadão contemporâneo e com ele meu vício moderno de destruir os dedos. Acredito que lá nas Filipinas, no auge do meu bem estar, nem uma disputa de pênaltis entre Flamengo e Vasco numa final de Libertadores me faria roer as unhas.

Isso não é exclusividade minha. Você mesmo deve roer as unhas ou conhecer uma pá de gente que rói. E também deve ter conhecido gente que gostava de morder a caneta ou o lápis na sala de aula. E aquele cara acelerado que não conseguia parar de batucar na mesa. E um maluco que tá sempre estralando os dedos. Ou o outro doido que não para de bater os pés no chão. E fora esses tiques nervosos, há várias outras coisas em que somos viciados hoje em dia.

Fui no barzinho e olhando ao redor me deparei com diversos vícios modernos. O que mais via era a galera sentada com os amigos na mesa, mas olhando o celular. Ou no meio da pista de dança, ouvindo umas músicas dos anos 90 enquanto scrollava os chats do Whatsapp. Tem gente que verifica o face, o e-mail, o twitter ou outras paradas umas 50 vezes por dia, que não consegue não olhar o Whatsapp mesmo quando está jantando com alguém, frente a frente, ou mesmo quando está dirigindo e correndo o risco de bater o carro ou atropelar uma velhinha.

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Foto real daquela sua amiga. O vício em paradas internéticas existe.

Recomendação

Vício é um assunto seríssimo! Vícios com jogos, drogas e outros estão associados com doenças e de nenhuma forma pretendi discutir a fundo ou dar avaliações médicas sobre essas coisas. Debati apenas hábitos negativos que se transformam em vícios mundanos, generalizados na população e que muitas vezes passam despercebidos.

Um filme fantástico que recomendo é Requiem para um Sonho. Além de ser excelente em geral, aborda muito bem a questão do vício, tanto o pesado, em drogas e tal, como esses vícios modernos que todos temos e não nos damos conta.

Vícios modernos
Personagens principais de Requiem para um Sonho em seus momentos de glória

Vícios modernos
A senhorinha do filme é uma pessoa comum: viciada em remédio, café, programa de TV e fofoca

Não tentei abordar os malefícios de cada tipo de vício moderno ou como acabar com eles, por isso o texto parece que ficou meio sem eira nem beira, sem conclusão. De qualquer forma espero que tenha sido uma leitura interessante e que você consiga, assim como fiz com o café, identificar quando alguma coisa já está passando dos limites.


Depois de escrever esse texto, me desafiei e consegui ficar 30 dias sem tomar café. Contei essa experiência em detalhes aqui.

Os +5 minutinhos de videogame viram mais 5 horas? O twitter não deixa você estudar? Me diz quais hábitos seus já se transformaram em vícios modernos. Sou viciado no feedback de quem lê os textos aqui. Diz aí nos comentários se você gostou?


19 comentários:

  1. "Para fazer um café, sabe por que usar grãos diferentes?
    A forma de tostar, até a água utilizada pode mudar o sabor.
    É que a coisa mais importante. até mais que a origem dos grãos, é a forma de se aproximar deles, aproximar?
    Sim, sua aproximação deve variar, dependendo do grão. só por alguns serem caros, se não tomar cuidado ao plantar, não colherá nada de bom. O oposto também é verdade. Até mesmo grãos baratos podem ficar saborosos, se cuidar bem de suas qualidades especiais.
    - concordo, é profundo. " - Yoshimura, gerente e dono da cafeteria
    Café 🍵 entre outras poucas coisas são apenas algo que não pode faltar faz parte de minha rotina. Gostei de seus texto, espero me dar coragem para revisar e postar rascunhos de meu livro... Preciso de motivação, pode suas palavras ser algo bom.

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    1. Café faz parte da minha rotina também. E é uma parte importante. Mas o consumo excessivo não faz bem, por isso tenho tentado entender o porquê de estar tão viciado nele. Ajuda a dar uma maneirada.

      Fico muito feliz que você curtiu os textos do 2Bits. Revisa e posta os seus rascunhos sim! Mais vale arriscar do que deixar suas criações guardadas pra sempre. Boa sorte e obrigado pelo comentário! ;))

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  2. Texto muito bom, amei. Sou viciada nos meus fones de ouvido, twitter, wpp, chocolate, café e em livros... tendo td isso o resto do mundo some!!!

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    1. Amou?! Puts, que legal ler isso! haha

      Muito obrigado, de verdade, pelo comentário! ;))

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  3. Muito interessante o lance do experimento com os ratos.
    Arranco a pelinha do canto do dedão, roo a unha de vez em quando (meu dente da frente tava ficando torto e decidi parar), não consigo ficar em locais públicos sem estar ouvindo música para evitar escutar as vozes das pessoas que me deixam louco, ambos respostas a ansiedade.
    Eu curto escovar os dentes. Coloco o celular de frente pra mim na bancada da pia e assisto um vídeo ou ouço música (geralmente sempre algo good vibes), enquanto sento na privada e escovo os dentes. Fica a dica. É prazeroso para mim, assim como lavar louça e de certa forma cozinhar, atividades que não exigem muita atenção, mas que me fazem relaxar e parar de pensar um pouco, quando concluo essas tarefas me sinto em paz também. Estranhamente diferente do banho que costumo refletir muito.

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    1. Caraca, interessante tua abordagem no escovar dos dentes. Eu sou mais daqueles que sai andando pela casa. É bizarro, mas é quase automático: escova na boca e meus pés começam a se mexer. Não consigo escovar parado hahaha

      Quanto à cozinhar, curto muito. Mas não pra refletir. Pra refletir prefiro lavar a louça mesmo. É estranho que a atividade de lavar em si é ruim, lidar com coisa suja e tal, mas muitas vezes é um tipo de pausa benéfica no dia do cara, onde a mente fica livre pra não pensar em nada, ou pra refletir sobre um milhão de coisas. E o banho pra mim é o melhor. Além de relaxar muitas vezes é o momento onde meus pensamentos voam mais e minha criatividade fica aguçada.

      Valeu pelo comentário, brother! ;))

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  4. "Você mesmo deve roer as unhas ou conhecer uma pá de gente que rói. E também deve ter conhecido gente que gostava de morder a caneta ou o lápis na sala de aula. E aquele cara acelerado que não conseguia parar de batucar na mesa. E um maluco que tá sempre estralando os dedos. Ou o outro doidão que não para de bater os pés no chão." E aí você percebe que faz tudo isso e mais um monte de coisa, caramba eu preciso parar. Deve ser a ansiedade, haha.
    Enfim, ótimo post. Gosto dos seus textos porque são grandes e não cansam de ler, poderia ficar lendo por horas. Parabéns!

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    1. Cara, esse "Gosto dos seus textos porque são grandes e não cansam de ler, poderia ficar lendo por horas" foi uma das coisas mais gostosas que já ouvi aqui no blog. Muito gratificante, de verdade. Só agradeço por você ter deixado seu comentário por aqui! ;))

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  5. Mais um tema do qual não poderei me furtar a tecer comentários...

    Em minha vida foi muito presente (e de certa forma ainda é) o que eu denomino de “maldita tríade” – cigarro, café e álcool. Desde os 13 anos conheço álcool e cigarro, e café desde os 17 anos. Nesta idade passei a conjugar café e cigarro, e pra quem sabe, é realmente gostoso fumar juntamente com os efeitos gustativo (paladar) e psicoativo (cafeína ) do café no organismo. Tudo isso ao som de música Rock! Voltava-me tanto a estes “prazeres da carne”, de forma a me elevar espiritualmente (típico paganismo), que eu acabava esquecendo de cuidar do corpo... Ficava horas e horas sem comer, de jejum prolongado, totalmente voltado só para atividades de leitura, pesquisa, assistindo filmes, escutando música, caminhando pela cidade, e claro, fumando muito e bebendo garrafas (sim, no plural) de café. Aliás, apesar do que as pessoas falam, café nunca tirou meu sono, bebia de madrugada sem nenhum prejuízo; e me dava dor de cabeça mais quando sentia seu cheiro ao fazê-lo, kkk, do que por abstinência dele, estranhamente. Resultado desse hábitos: adoeci de bronquite, sendo que nunca tive problema respiratório algum antes, me obrigando a regrar o consumo de cigarro, algo que já pensava em fazer antes mas que só acabei fazendo sob o imperativo da doença (enquanto meu médico mandava parar em absoluto!). Anos depois passei a conjugar a tríade completa em meu hábito noturno (entenda-se: madrugada adentro) de escutar música no quintal de casa sob as estrelas até o amanhecer do dia, todo final de semana. Resultado: anos depois adoeci de gastrite, e desde então vivo sem poder comer e beber como antigamente – o que não é ruim não, pois a dieta de alguém com gastrite não é restritiva, é simplesmente saudável, tipo, não beber refrigerante, comer coisas verdes, não abusar de café e álcool, evitar o fumo... Hoje faço uso “sazonal” (em dois momentos do ano) de cigarro e álcool (dupla infernal de viagens homéricas), e quase nenhum uso de café, que é o que mais agride meu estômago. Tive que aprender a certo custo como obter esse controle sobre esses impulsos de satisfação... um certo psicologismo de botequim rsrs, visto que sou leigo.

    Há muito tempo parei de roer as unhas, mas aí passei a morder aquela pelezinha adjunta às unhas, o que não é tão comum hoje. Mas o que mais fiz (e ainda faço na vida) é morder bocal de caneta, fico igual cachorro roendo osso! E tem outro tique nervoso também: bater pé no chão hiperacelerado! (Neste caso, contribui o fato de escutar rock, pois quem escuta geralmente tem o hábito de marcar o tempo ou a batida com os pés).

    A questão do imediatismo físico do objeto do vício (que favorece o automatismo do ato) realmente pesa. Paralelamente ao exemplo da unha, temos o vício da masturbação também rsrs: pegar um cigarro e jogar fora é fácil; manter-se longe da garrafa de bebida também; passar longe da prateleira de café no supermercado idem; mas o que fazer quando se trata do membro sexual, que bem sabemos ser reativo a vibrações e oscilações de algo em movimento, ou ao atrito com outro corpo ou superfície??? Desculpe, não resisti a fazer esse paralelo kkk.

    Chamou-me a atenção o seguinte trecho: “[...] talvez o vício em drogas não seja químico, mas evidencie a falta de conexões reais e significantes na vida da pessoa.” Creio que realmente exista esse pano de fundo por trás de muitos vícios. Na verdade, me guio pela divisão clássica da psicologia: existe o viciado positivo e o viciado negativo. O primeiro tem seu vício associado a situações e lembranças boas, agradáveis, positivas, de lazer, socialização e tal; seu vício é predominantemente químico, tratável com internação medicamentosa. Já o segundo tem seu vício associado a situações de frustração, de autoafirmação, depressão, solidão; é imprescindível, além da medicação, a terapia. Na realidade, todos têm um pouco dos dois tipos, mas vai predominar um ou outro.

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    1. Seus comentários são sempre uma delícia de ler, complementos incríveis aos textos que escrevo.

      Achei interessante a história de como seus vícios acabaram gerando consequências que tiveram como consequência o controle dos próprios vícios. Em relação ao café, não tenho nenhum problema grave, mas de fato já senti algo estranho no meu estômago uma vez ou outra. Não dor de barriga! hahaha E sim uma espécie de acidez maior, algo do tipo. Tenho que controlar o uso porque sei que dá problema de verdade, como você acabou tendo, além de ter outros fatores negativos como dificultar a absorção de cálcio e ferro.

      Curti a sua lembrança da masturbação! O fato é que ainda é um tabu muito grande. É mais fácil admitir que você faz qualquer coisa do que admitir que se tranca no banheiro diversas vezes por dia. Mas sem dúvida o que tem de gente "viciada" na parada, ou em outras atividades similares (tipo assistir putaria) á uma grandeza.

      Mais uma vez, valeu pelo comentário! Legal ver que você tá sempre contribuindo de forma grandiosa pra discussão por aqui! ;))

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  6. Há muito tempo, antes ainda das redes sociais, passamos a viver em um clima de ansiedade – um dos subprodutos da dita modernidade. Sofremos pressão no trabalho, na faculdade, da família, da sociedade... As redes sociais parecem apenas potencializar isso, visto que a diferença é apenas o meio de comunicação.

    Uma coisa é certa: viciamo-nos naquilo que nos proporciona satisfação ou alívio (válvula de escape). Costumo evitar usar o termo “prazer”, pois costumo associá-lo à experiência de um bem estar genuíno, isto é, natural, social, incondicional, imediato e ordeiro, e não aquele tipo de satisfação que parte da submissão aos baixos instintos e impulsos, ou aquela satisfação que necessita de artifícios para se realizar, como o das drogas. É a simples alegria de estar em um grupo de pessoas conversando e confraternizando, por exemplo – sensação de bem-estar também conhecida como felicidade.

    Dessa vez, os comentários ficaram inconvenientemente longos, sorry!

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    1. Sensacional a diferenciação de satisfação e prazer. De fato alguns momentos bons na verdade tem origens ruins, como as "válvulas de escape" que criamos pra nos remover de situações mentais difíceis.

      Quanto ao tamanho dos comentários, eu sinceramente não me importo. Se são cheios de conteúdo relevante, como sempre tem sido, prefiro que sejam assim. Acredito que quem acompanhe o 2Bits também não se importe, pois pra ler os posts que rolam por aqui é necessário ter paciência para textos longos.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Vou comentar só uma coisa.
    Eu tinha uma pesquisa de um trabalho para fazer, e tirei o domingo para isso. Porem, 10 horas da manha resolvi jogar um pouco de video game, estipulei umas 2 horas no máximo. Tudo bem, né?
    Só as 10 DA NOITE, eu consegui começar a pesquisa...

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    1. Caraca! Pior que eu sei o que é isso. Principalmente quando começo a jogar Football Manager, acabo me passando um "pouco" nas horas de jogo e deixando compromissos pra mais tarde. Na faculdade cansei de ir fazer as coisas só quando não tinha mais pra onde correr, tipo só às 10 da noite um trabalho que tinha que entregar as 8 da manhã. O jeito é aprender a se controlar melhor. Uma técnica que tenho tentado utilizar é inverter a ordem das paradas. "Sofrer" primeiro (fazer o que tem que ser feito) e só depois curtir do jeito que quiser.

      Se quiser passar lá no post que escrevi sobre games e contar um pouco dos que você gosta, tá mais do que convidado! haha

      Abss!

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  9. Além do café tenho o costume de ficar batendo os pés no chão .. é uma parada tão involuntária que só fui perceber que tava fazendo quando você comentou no texto sobre.
    Enfim, belo texto, parabéns!!!

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    1. Eu também tô sempre batendo os pés no chão ou mexendo as pernas. E o consumo de café certamente não ajuda a parar com isso...

      Valeu aí pelo comentário, cara! Obrigado! ;))

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  10. Tenho vício em jogos, mas so quando me encontro sem os amigos por perto ou quando termino um relacionamento. Me afundo nos joguinhos dr tudo quanto é tipo. Ainda sou sociavel ou tento me manter sociável. Descobri com os anos que o meu maior vicio é leitura, eu leio um livro atrás do outro sem nem ao menos cogitar sair do mundo da fantasia. Me canso fácil da realidade e quando isso acontece tenho de conversar com o meu pai para voltar a realidade. Tenho pena dos seus dedos, tenho habito de roer as unhas mas so quando estou ansiosa ou pensando em besteiras. Mas a verdade é que os meus vícios são a minha escapulida da realidade. Excelente texto

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    1. Pô, vício em livros acho que é um dos menos piores que alguém pode ter. O tanto que livros nos enriquecem é uma imensidão. Obrigado por comentar por aqui! ;)

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