Vale a pena fazer faculdade?

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Faculdades diferentes, qualidades distintas. Pagas e gratuitas. Uma porrada de cursos disponíveis nas mais variadas áreas. Professores que transformam algo legal em entediante e vice-versa. Mesmo com toda essa variedade, uma coisa parece comum na faculdade: o cara entra feliz, mas reza pra sair.

Na mesma sala, uma pessoa pode estar radiante de alegria, estudando pra caralho feliz da vida, enquanto outra mata todas as aulas porque não tem motivação alguma. Não tenho como falar da experiência de todo mundo nos cursos por aí e não gosto de generalizar. Por isso, vou falar sobre o assunto sempre de acordo com as minhas experiências e as minhas percepções. Bora lá?


Duas graduações

Quando prestei o vestibular em 2007, ainda não havia a restrição de um aluno poder ocupar apenas uma vaga no ensino superior público. Assim, acabei passando pra Ciências Econômicas na estadual e pra Administração na federal. E fui eu com minha pastinha velha cursar ambas.

"Mas você é economista, ou administrador??? Exerce as profissões??". Não. Vamos por partes.


Economia

Eu queria mesmo era entrar pra federal. Fiz vestiba pra economia mais numa de buscar um curso semelhante, se não rolasse passar pra Adm. Tinha um lance também de prestar o vestibular junto com um brother meu, e outro lance de ser um curso que tava abrindo (o que por algum motivo incompreensível chamou minha atenção).

O começo foi bom. A faculdade era um mundo novo onde era possível até mesmo ir ao banheiro sem pedir autorização pro professor, olha que incrível! Começamos a ver limites, derivadas e integrais, uma parte da matemática que não foi passada no ensino médio e que muito me interessou. Sempre gostei de matemática e isso ajudou a gostar de outras matérias, que também a usavam. Introdução à Economia, Microeconomia I e Contabilidade de Custos vieram e eu continuava mais ou menos curtindo. Algumas outras aulas eram a maior bosta - e acho que a penca de matérias secundárias horríveis é um dos grandes problemas dos cursos que fiz.

Com o passar do tempo, já não curtia mais o curso. Claro, uma matéria aqui e outra ali me interessavam, mas tinha certeza de que não seria um economista. Já tava na metade da graduação e pensava que não deveria abandoná-la depois de 2 anos de estudos. Não abandonei, mas comecei a priorizar a federal. Peguei menos matérias na economia e no lugar arranjei um estágio. Consegui validar algumas matérias da federal nesse curso, demorei um pouquinho a mais do que o normal pra me formar, mas foi. Terminei. Não diria nas coxas porque eu sempre fui de estudar bastante, mas foi de forma bem secundária. Sem dúvida não era minha prioridade. Terminei por terminar. E desde que me formei, o curso não me ajudou em nada.

Na verdade ajudou com noções básicas de economia, que são úteis no dia-a-dia, e bons conhecimentos de finanças e investimentos, que são úteis pra vida inteira. Reconheço que parte dessa inutilidade que o curso teve pra mim foi minha culpa. Economia é um bom curso, traz um conhecimento bastante específico. Mas eu não queria seguir nenhum caminho que a economia me abrisse, ao contrário de muitos outros colegas de facul, que hoje trabalham e são felizes na área.

Ter 2 diplomas de graduação é motivo de orgulho pra minha mãe e fica bonito no currículo. Mas talvez o meu título de economista teria mais utilidade se tivesse sido trocado por outros aprendizados, outras experiências. Assim como o meu título de administrador.


Administração

Até que gostava de algumas matérias de administração, mas gostava de poucas em comparação com a duração total do curso. Pelo menos lá na UFSC, era consenso entre os alunos que o número de matérias de encheção de linguiça presente no nosso currículo era exagerado. Só pra você ter uma ideia, tive disciplinas chamadas Formação Profissional I, II, III e IV, nas quais falava-se sobre o mercado de trabalho, o papel do administrador na sociedade e coisas do tipo. 4 semestres vendo um assunto que era tão levado à sério pelos professores que algumas aulas eram baseadas na famosa leitura coletiva de textos, com perguntinhas toscas a serem respondidas por escrito na aula seguinte.

Além da falta de conteúdo real e mais significativo, que começou a vir já pra lá da metade do curso, a administração é uma área muito generalista. Fora umas pessoas que sabiam mais ou menos o que queriam, em geral não forma ninguém pra nada. Não te dá um conhecimento real, sólido sobre alguma coisa. Te dá noções básicas de muita coisa, mas só. Te joga cru no tão concorrido mercado de trabalho.


Vale a pena ou não?

Aquele meu amigo que entrou junto na economia até terminou o curso. Mas ele não deu tanta atenção quanto ao curso que ele gostava, computação. Depois de terminar os 2, já emendou um mestrado na área de programação, terminou o mestrado e foi chamado pra trampar naquele site que você usa pra procurar coisas na internet. Metade dos meus amigos fez direito, vários deles tinham certo na cabeça que queriam direito muito antes do vestibular e tão felizes hoje em dia. É claro que há casos onde a graduação funcionou e muito bem. Foi como eu disse no começo, cada um tem sua experiência. Mas pra umonte de gente, a combinação com a faculdade não dá muito certo.

Acho que o maior problema é o QUANDO entramos pra faculdade. Prestei o vestiba com 17 anos. Nenhuma ofensa a você que tem essa idade - eu também já tive, né! -, mas comparando com quem eu sou hoje, eu era uma pessoa completamente diferente. Hoje me conheço muito melhor, sei mais coisas do mundo, sou mais experiente. Hoje, teria mandado um dedo do meio pra faculdade e ido atrás de coisas que eu gostava. Teria começado a escrever sobre futebol, a fazer cursos de Photoshop, de edição de vídeo, de fotografia. Teria lido mais. Teria me metido numa cozinha pra aprender a cozinhar profssionalmente. Teria trampado, juntado dinheiro e ido viajar. Teria criado um site e levado à sério. Mas não teria gasto preciosos anos fazendo trabalhos e estudando pra provas que não provam nada. Não teria feito faculdade.

Minha irmãzinha tá indo fazer vestibular daqui a umas semanas. Ela me disse que achava que não passaria. Puxei a pequena de lado e larguei: "não fala pros teus pais que eu disse isso, mas se tu não passar não dá nada, sem pressão. Mais tarde tu decides melhor o que fazer". Claro que em outras realidades, não há opção, a pessoa tem que passar e deu. No ano que vem, por exemplo, ela vai ter que estudar novamente se não passar e provavelmente fará um cursinho, o que é um gasto desnecessário de dinheiro. Mas acredito que no longo prazo faz bem pro futuro da pessoa poder escolher o que fazer mais tarde, com a cabeça limpa e sempre com a ressalva de que isso se aplica a quem não tá muito ligado no que ama, no que quer cursar, e tem que escolher na base da pura e espontânea pressão.

Fiz faculdade porque é o caminho padrão, o que se espera que você faça. Não tinha cabeça, naquela época, pra escolher meu futuro. Então, valeu a pena?

Profissionalmente. "Estima-se que, no Brasil, existam mais de 1.500 cursos superiores de Administração, que formam, por ano, mais de 114 mil Administradores", diz o sobreadministracao.com. Em outras palavras,  chutou uma moita, cai um curso de Administração. O site ali completa: "Portanto, Administradores, foquem em suas carreiras e busquem maneiras de se destacarem no mercado. A concorrência está grande!". Claro que tem gente que consegue empregos legais, ou que consegue se envolver com algo que gosta, mas muita gente não. Muitos dos que se formaram comigo saíram mais perdidos que surdo em bingo. Profissionalmente, o curso ajudou nos estágios que fiz durante a graduação, mas não contribuiu em nada pras conquistas que tive depois dela. Minto, talvez tenha contribuído um pouco, mas mais pela questão de ter um diploma, um "Bacharel em..." no currículo, do que pelos conhecimentos adquiridos em si. E esse é um dos pontos que mais pegam nessa discussão: ter um diploma ainda é mais importante em muitos casos. Mas o panorama tá mudando. Você contrataria um administrador que acabou de sair da faculdade com 3 estágios mahomeno em baixo do braço, ou alguém que não cursou nada mas tem algum tipo de experiência prática, ou tem algum projeto pessoal minimamente bem sucedido? A balança começa a pender mais pro lado de quem tem experiência e conhecimento do que pro de quem tem diplomas na parede.

Requerimento trabalhar no Google
Uma vaga aleatória no Google já admite "experiência equivalente" ao invés de um diploma

Essa questão do Google é muito importante porque a comparação que faço não é uns 4 anos de faculdade X 4 anos coçando as bolas no sofá. A comparação é 4 anos de faculdade X 4 anos fazendo cursos menores que te tragam habilidades mais práticas; tendo experiências pessoais que te ajudem a entender melhor o que você quer; tentando empreender e criando projetos pessoais que gerem aprendizado; tendo outros tipos de experiências profissionais que realmente te ensinem a fazer alguma coisa.

Financeiramente. Estudei como que em período integral por uns bons 2 anos. Depois, fiz estágios que não acrescentaram tanto à minha poupancinha, ainda que tenham ajudado. A ida pros Estados Unidos, só possível porque eu era um estudante de graduação, foi o único ponto onde realmente consegui fazer dinheiro por ser um aluno de faculdade. Não acho que a falta de graduação teria me impedido de conseguir as coisas que consegui após a universidade. Por conta disso, no fim das contas vejo que financeiramente não foi muito válido. Se eu tivesse escolhido arranjar uns trampos que me dessem uma experiência legal, ao invés de ter cursado a facul, provavelmente teria conseguido juntar mais dinheiro do que consegui. É claro que quando se faz faculdade, a expectativa é de conseguir melhores empregos e salários no futuro, mas numa análise fria de momento, não valeu a pena pra mim em termos de grana.

Pessoalmente. Esse é um dos pontos que costumo negligenciar, confesso, mas é importante pra caralho. Ao contrário do colégio, na faculdade você já começa a traçar o seu próprio caminho, vislumbrar o seu futuro e lutar por ele. Às vezes é inundado de obrigações que exigem bastante de você e precisa aprender a se organizar, a botar a mão na massa, a fazer as coisas bem feitas. Melhora o português lendo bastante, o raciocínio lógico tentando compreender as coisas, aprende a escrever mais claramente. Cresci bastante na faculdade. Mas cresci por causa da faculdade, ou por causa de um processo natural de crescimento pessoal nessa fase da vida? Fazendo outras coisas, ao invés da graduação, não teria crescido de forma similar? Não sei a resposta, mas fica a dúvida.

Socialmente. Meu principal grupo de amigos não tem ninguém da facul, mas fiz uns bons colegas por lá e mantenho contato com eles até hoje. Outras pessoas criam suas mais profundas amizades na faculdade, que é um ambiente pra lá de propício pra isso. É uma época interessante pra conhecer gente vinda de lugares diferentes, com backgrounds diferentes, e que por alguns anos estão vivendo as mesmas dificuldades e experiências que você. Com essas pessoas você troca ideias e se sente por vezes mais confortável no mundo, sabendo que suas preocupações e receios também habitam cabeças alheias. As festinhas de facul costumam ser um ótimo lugar pra curtir a vida em meio à tanta insegurança sobre o futuro. E foi na facul que conheci a patroa, com quem estou há 5 anos, então pode ser um excelente lugar pra você encontrar um amor pra preencher seu coração. Mas de novo, fica a pergunta: não é possível participar de outros ambientes socialmente férteis estando fora da faculdade? Essa eu sei a resposta: é possível.

"Ah mas o mercado está cada vez mais competitivo, você precisa se capacitar...". Ter um diploma não significa estar capacitado à nada. Uma mão cheia de experiências sólidas, por outro lado, geralmente significa.

"Ah mas você precisa estar sempre atualizado..". Não sei na sua faculdade, mas onde cursei, os conteúdos programáticos das disciplinas mudam de vez em nunca. Isso significa que o professor TEM que dar certos assuntos, mesmo que estejam obsoletos ou desatualizados. No meu curso, por exemplo, tive ZERO minutos de aula sobre mídias sociais e ZERO minutos sobre a gestão de negócios online. E entre fordismo e novas tecnologias, adivinha o que foi mais ensinado? Ao menos na minha experiência, fazer uma graduação nem de longe significa que você estará atualizado. É só lembrar que em geral na faculdade você precisa ir bater ponto na sala de aula, por vezes aguentar professores ruins (alguns matões) e aprender através de alguns dos mesmos métodos que seu pai aprendeu há 40 anos.

"Ah mas ter um diploma é uma grande conquista..". Ter passado em umonte de provas e ido bem em trabalhos não me dá uma sensação de conquista. Ter feito a loucura de morar na China, ter trabalhado com jogos e ter meu pequeno site, por outro lado, são conquistas das quais tenho muito mais orgulho.

Prova de Mandarim
Confesso que desse 9,9 na prova de chinês eu me orgulho


O que fazer?

Ter um diploma de graduação ainda é importante pra conseguir muitos empregos? Sem dúvida. Você deveria ir atrás de um? Talvez. Mas não à todo custo. Claro que cada caso é um caso, mas não tenha pressa. Se você não sabe o que quer estudar, não tenha tanta pressa pra entrar na faculdade. Arranja um trampo, faz outros cursos menores. Deixa sua cabeça pensar e entender melhor o que você quer primeiro. E se você já tá estudando e odiando cada aula, não pense que tirar um semestre de folga vai fazer tanta diferença na sua vida. Talvez ter uma folga seja bom pra você ir atrás de um trampo que te dê uma experiência nova, ou só pra relaxar e botar as ideias em dia. Conheço gente que abandonou um curso que odiava e se encontrou fazendo outro. Permita-se mudar, porque nem toda decisão tem que ser definitiva.

Famosos não fizeram faculdade
Mark, Cameron, Moore, Jobs e tantos outros são excessões, mas servem de lembrança que há vida sem diploma

E se todos os dias você acordar, se olhar no espelho e pensar "que porra eu tô fazendo nesse curso", faça como o Steve Jobs e interprete isso como um sinal de que alguma coisa tem que mudar. Boa sorte!






Tô ligado que esse é um assunto polêmico. Eu e a patroa discordamos bastante, por exemplo, mesmo pensando parecido em vários outros assuntos. Não quis ofender ninguém em nenhum momento, nem desprezar nenhuma faculdade ou curso. Só coloquei minha visão das coisas, baseada na minha própria experiência e você tem todo o direito de discordar, sem problemas. Aliás, se você concorda ou discorda, deixa um comentário aí. Me motiva pra caralho poder trocar uma ideia com quem acessa o site. Ou fala comigo lá no twitter! Ah, e dá uma olhada no instagram e facebook do doisbits! :)


18 comentários:

  1. Ótimo texto, eu tenho 17 anos e termino meu primeiro ano de engenharia agora no final do ano, mesmo estando certo sobre oque quero, ter um ponto de vista como o seu é ótimo, ainda mais porque ,oque fazer a seguir é sempre um caminho meio indeciso, mas seu texto meio que me acalmou um tanto (devo agradecer por isso)

    Enfim, venho acompanhando seus posts à um tempo, e gosto bastante, parabéns, e obrigado.

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  2. Ótimo texto, eu tenho 17 anos e termino meu primeiro ano de engenharia agora no final do ano, mesmo estando certo sobre oque quero, ter um ponto de vista como o seu é ótimo, ainda mais porque ,oque fazer a seguir é sempre um caminho meio indeciso, mas seu texto meio que me acalmou um tanto (devo agradecer por isso)

    Enfim, venho acompanhando seus posts à um tempo, e gosto bastante, parabéns, e obrigado.

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    1. Muito legal saber que o texto ajudou de alguma forma. Valeu pelo apoio de sempre, cara!

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  3. Passei em uma federal, em um curso interdisciplinar de ciências e tecnologia (depois você escolhe a especialização e tal).
    O maior problema com o meu curso é a matemática, ao contrário de você. Eu descobri que odeio ficar fazendo listas infinitas de exercícios. Digo, é fácil entender a matéria, mas na hora de aplicar o que aprendi é frustrante, não consigo fazer nada.

    Prestei vestibular com 17 também — na verdade prestei pela primeira vez com 16, mas não passei —, tenho 18 hoje e estou completamente perdido.
    Não tenho objetivos, uma área que gostaria de atuar, odeio meu curso, sou inseguro, ansioso. Já pensei em tudo, até na carreira criminosa, realmente não tenho talento para nada que eu goste ou talvez qualquer tipo de talento.
    Só quero terminar o curso logo e deixar de ser um estorvo para meus pais. Até tentei conseguir um emprego, mas minha falta de habilidades sociais e até a disponibilidade de empregos de meio período ou que ache que seja capaz de executar me fizeram falhar miseravelmente.

    Perderei um ano ou dois da minha vida se desistir, o que parece uma década para mim que estou querendo sair de casa logo. Fico paralisado diante de tanta pressão. Às vezes penso que se morresse seria tão mais fácil e simples, não me suicidar porque iria pegar mal para os familiares.

    Ah e parabéns pelo trabalho. Me fez, mais ainda, refletir sobre minha situação atual, na qual não vejo solução ou só estou super confuso. Gosto disso, é doloroso às vezes, mas talvez seja necessário. Novamente, um comentário enorme, foi mal.

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    1. Você escreve bem pra caramba e saber expor suas ideias com muita clareza. Não sei se gosta de escrever, mas quem sabe já é o começo de algo? Só não precisa se desculpar pelo comprimento do comentário, velho. Curto pra caralho quando alguém gosta do texto ao ponto de vir aqui trocar uma ideia. Só tenho a te agradecer pelo apoio! ;))

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  4. Como prometido: ;)

    Terminei meu ensino médio para ser militar. Devia ter quartoze anos. Prestei AFA,ITA e de quebra fiz o vestibular para a federal de onde moro no curso de Ciências da Computação. Passei em todas a ponto de escolher onde eu queria ficar e -pode chamar de burrice- escolhi ficar na federal. Fiz o curso e fiquei até o terceiro ano de quatro... Tranquei.

    Expliquei a minha mãe na época que eu estava seguindo pelo caminho errado da minha vida e que me arrependia de ter escolhido isto. Se eu tivesse escolhido a AFA ou o ITA também teria me arrependido. Minha mãe tal qual muitas outras por aí, suou para caramba para me entregar uma educação de qualidade. Meio que - e posso está sendo dura quanto a isto - sou um investimento por parte dela. Qual foi minha surpresa quando ela me apoiou para que eu fizesse faculdade de artes?

    Por muito tempo, me senti culpada achando que estava jogando tudo fora, porém, hoje nunca estive tão certa disso. E ela está lá me apoiando... Poderia ter seguido a carreira militar, mas ao invés disso trabalho em uma desenvolvedora de jogos em londres fazendo concept art. Este é o caminho que eu quero para mim.

    O diploma é importante para meu caminho, mas definitivamente não é a coisa mais importante. Experiência, a chance de se atualizar, pequenos cursos e acima de tudo não ter medo de experimentar coisas novas ou seguir por uma caminho não tão utilizado, vale muito mais do que aquele papel que determina conclusão de facul.

    BTW, excelente trabalho. Espero que chegue a maior quantidade de pessoas aí, porque faz muita gente que está ali correndo para entrar em uma faculdade só pelo fato de entrar refletir sobre "eu realmente vou querer isto" ou " isto é o único caminho? "
    A sociedade as vezes é uma bitch que nos colocas viseiras que nem em um burro para ver um único caminho como símbolo de estar bem sucedido: nascer, crescer, estudar, fazer faculdade, trabalhar, casar, ter filhos, morrer. Quando na verdade, não é assim.

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    1. Que história inspiradora! Seguiu o que gostava e ainda tá trabalhando numa desenvolvedora de jogos em Londres, pra mim parece um sonho!

      Lembrei de um caso na minha família: o cara passou pra engenharia elétrica na federal e virou o orgulho da família. Fez 1 semestre, largou e resolveu cursar design. Alguns mais conservadores não apoiaram a decisão, muito pelo contrário, mas hoje ele é um artista felizão com o rumo que tomou. Se tivesse terminado a engenharia por terminar, a história seria outra.

      Muito obrigado pelo seu comentário. Acho até que vou tomar a liberdade de postá-lo lá na página do Facebook um dia desses. Sua história merece ser ouvida por mais gente! Valeu mesmo! ;)))

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  5. Cara, cada dia que passa to curtindo mais e mais esse espaço virtual. Queria eu ter uma blog bacanudo assim, falar coisas serias que ajudem as pessoas: mas sou da zueira. E criei um blog e instagram de humor, e um outro que posto coisas aleatórias. Ok, eu sei, não sou exemplo para ninguém. Minha mãe ja tentou me vender para o mercado negro. Mas eles não me aceitaram. rsrs.

    Parei com as bobeiras. Vou falar um pouco sério:

    Muito bom seu ponto de vista. Concordo contigo!
    Trampei por um certo tempo numa produtora de vídeo em sp, no bairro de Perdizes (há 10 +-). Na época eu era o cara que fazia a arte das capas de dvd, atualizava o site, ajudava a decupar alguns vídeos e tals.

    A produtora quebrou, a galera foi mandada embora, e nessa eu fiquei de bobeira sem fazer algo de produtivo. Mas continuei desenhando para variar, sempre gostei de desenhar e ainda gosto.
    Trampei em telemarketing, corretora de seguro auto, loja de telefonia. Nada a ver com o que eu gosto (criação/cria coisas).

    Mas em todos esses jobs, - mesmo não fazendo parte das coisas que eu realmente gosto -, eu aprendi muito. Muito mesmo sobre as pessoas, relacionamento humano e etc.

    3 anos atrás entrei na facul de rádio e tv, mas comecei a ficar sem grana, não quis fazer o FIES e tive que trancar prestes a ir para o 2º ano.

    Mas na boa, não fico triste. Sei que tudo tem um momento certo, e as vezes, muitas vezes fazemos escolhas erradas por ansiedade.

    Hoje tenho 28 anos, não terminei a facul. Mas sei muito sobre lidar com pessoas, escuta-las, e conseguir tirar de cada bom papo algo que agregue (ou não) para mim. Mexo no photoshop, apendei o b-a-bá da edição, aprendi muita coisas em filmes também.

    Como a minha ideia é crir coisas, falar com as pessoas... saber escuta-lás é essencial. E todos esses aprendizados que tive, me levaram a aprender um pouco mais sobre como fazer isso.

    Esqueci de falar, mas trabalhei por um certo tempo na rua, como representante de uma ONG (capitando doações). E esse, -- SEM SOMBRA DE DUVIDAS ---, foi o melhor trabalho. A experiência é incrível.

    Enfim, é isso. Só quis participar um pouco do blog.

    Forte abraço. Tamo junto!

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    1. Quanto à fazer algo mais sério, acho que rola um pouco daquela coisa da grama do vizinho ser mais verde. Eu por vezes penso o contrário: pô, será que meus textos às vezes não ficam sérios demais? E sem dúvida fazer humor não é demérito nenhum, todo mundo precisa de entretenimento e umas boas risadas na vida.

      Valeu por contar sua história e comentar, conta muito! Abraço!

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  6. Brother, outro tema difícil pra mim... kkk. Lembro que no final do ensino médio inconscientemente tentava fugir daquela angústia de escolher qual curso fazer depois da escola, vendo todos os meus colegas escolhendo esse e aquele curso de acordo com suas notas nos processos seletivos locais e no ENEM... Não me identificava com nenhum curso de minha cidade, todos de licenciatura, então joguei para a cidade vizinha para fazer Engenharia Ambiental. Cara, poderia até ter terminado esse curso se problemas pessoais não tivessem me desestabilizado psicologicamente; para decepção de meus pais, decidi trancar o curso ao final daquele primeiro ano, e só depois do outro ano contei a verdade sobre não querer cursar mais Engenharia – não tinha condição de continuar. Um ano depois de ter trancado Engenharia, fiz vestibular para Pedagogia e passei – esse consegui terminar mas...

    Antes de terminar Pedagogia, perdi três anos de minha vida: foi o ano de Engenharia jogado fora, mais um ano sem estudar e nem trabalhar, e mais um ano, já cursando Pedagogia, que fiquei reprovado na maior parte das disciplinas por falta de assiduidade. Mas a partir do ano seguinte tomei tenência e consegui seguir adiante até terminar o curso. Nunca me identifiquei com ele, o que me levou a emendá-lo com Tecnologia em Gestão Ambiental, terminando ele também, mas...

    Analisando brevemente esses 11 anos de faculdades, posso afirmar que há muita pressão para se ter um diploma! Quando passei para Engenharia, não só os meus pais mas toda minha família ficou alegre, era tipo, “já temos professores, bancários, servidores públicos federais e até desembargador, agora vamos ter um engenheiro”, kkk, lógica provinciana total! Ainda bem que depois de mim a atenção se voltou para os futuros formandos em Medicina e Direito, pois a pressão se deslocou de mim para os outros. No primeiro ano de pedagogia ainda estava perdidão na vida e só no segundo ano me restabeleci psicologicamente. Na verdade, apesar de já estar fazendo as faculdades não tinha a menor ideia do que fazer da vida para trampar e me manter, bem angustiante! Pra minha sorte, um ano depois de começar Gestão Ambiental passei num concurso do Estado na área da saúde, para o cargo de agente administrativo - ufa!!! Ou seja, a pressão por trabalhar em alguma coisa, ganhar meu próprio dinheiro e ajudar em casa já tinha vencido! Mas note bem: tenho diploma em dois cursos superiores, e um de curso técnico (Saneamento Urbano), mas trabalho atualmente num emprego de nível médio ganhando pouquinho mais de quatro dígitos... muito pouco!!! Ou seja, nem posso usar os dados que indicam a superioridade dos cursos técnicos em relação aos de nível superior no mercado de trabalho kkk.

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  7. Percebo que você tem um inconformismo com os anos perdidos fazendo as duas faculdades, não é? Acho que consigo imaginar. No meu caso, além de não saber o que fazer com os cursos que fiz, ainda por cima não tenho espírito empreendedor e ousadia para meu próprio negócio, o que faz do meu emprego atual um ótimo lugar para meu espírito estagnado, digo, minha função é simplesmente fazer o sistema funcionar, girar a roda, mas não é algo que intimamente me traz realização. Fazer faculdade para cumprir o script, por pressão da sociedade, da família, mercado de trabalho... Depende do perfil de cada pessoa né? Fiz e obtive aquela sensação de conquista “nhé”, saca?

    Mas é verdade que a universidade é algo mais amplo que conteúdos curriculares e disciplinas estanques: trata-se de uma experiência social única! Você cresce como ser social na convivência com os colegas, muitas vezes longe dos pais, vivendo em repúblicas e quitinetes. Você coloca uma questão intrigante aí: “Mas cresci por causa da faculdade, ou por causa de um processo natural de crescimento pessoal nessa fase da vida? Fazendo outras coisas, ao invés da graduação, não teria crescido de forma similar? Não sei a resposta, mas fica a dúvida”. Provavelmente, as duas coisas são verdadeiras, pois a vida é essa correnteza, o tempo não para, as experiências que te fazem como pessoa não ficam limitadas a um período de faculdade, eu acho. Você questiona também: “Você deveria ir atrás de um? Talvez. Mas não a todo custo. Claro que cada caso é um caso, mas não tenha pressa. Se você não sabe o que quer estudar, não tenha tanta pressa pra entrar na faculdade.” Acho que tudo depende do perfil de cada pessoa, mesmo. Mas a pressão social gera um temor angustiante de que você ficará para trás e será um pária na sociedade, heheheh, lascou-se!, e talvez seja melhor seguir o caminho seguro e previsível que a sociedade coloca.

    Outra coisa: parece ser regra que a faculdade só serve para te dar habilidades genéricas enquanto acadêmico, já percebeu? Isto é, na faculdade você basicamente aprende como agir cientificamente, adquirindo competências tais como aprender a escrever bem, como estruturar seu pensamento e obter uma linha de raciocínio válida, como tornar publicamente apresentável seu trabalho, coisas assim. O aprendizado parece vir mesmo a partir das “pós” da vida: pós-graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado. Em que ponto você se sentirá satisfeito e todo realizadão? Vai saber kkk.

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    1. É, o assunto é bem complexo mesmo. Você colocou alguns pontos interessantes, como esse de a graduação te dar habilidades genéricas ao invés de real conhecimento das coisas. Depende muito do curso, mas na minha experiência isso foi bastante frustrante. Acredito que mais vale passar 2 anos em algum curso ou atividade onde você bote a "mão na massa" do que 4 ou 5 fazendo provas e trabalhos forçados sem aprender algo na prática.

      Como sempre, valeu pelo comentário, Darley! Sempre enriquece os textos!

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  8. Bacana. Eu to terminando o terceiro ano do ensino médio então esse texto combina comigo. Eu não tenho um pingo de ideia de qual lado ir numa possível faculdade, mas eu to simplesmente vivendo. Eu quero muito arranjar um emprego de meio período ano que vem se eu conseguir e estudar em algum cursinho daqui da cidade ou alguma coisa, para realmente descobrir o que eu quero antes de tomar alguma decisão.

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    1. Se você tá perdido, acho uma ótima ideia arranjar um trampo meio período. Pode ajudar a clarear suas ideias. Boa sorte, cara! E obrigado por comentar! ;)

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  9. Eae Pedro blz?, cara quero agradecer pelo texto pela pagina. Tenho 32 anos acabei de ser demitido de maneira injusta e por justa causa, depois de 7 anos de trampo ralado em uma multinacional. Agora estou me reavaliando e pensando como seguir daqui em frente. Sua experiencia de vida me ajudou muito, obrigado.

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    1. E aí Danilo! Lamento pelo problema na sua empresa, mas fico feliz que eu tenha ajudado de alguma forma. Agradeço muito pelo teu comentário. Grande abraço e boa sorte!

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  10. Ótimo texto, é muito complicado esse assunto mesmo. Eu não quero fazer faculdade, pelo menos não agora, não consigo encontrar nenhum curso que me agrade, mas minha família discorda disso falando o quanto e necessário ter um diploma no currículo e um plano b, todo ano fico na pressão de passar logo em alguma faculdade, mesmo não sendo o que quero. E depois ainda falam que me apoiam... é muito bom ver mais pessoas falando sobre esse assunto, obrigada.

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