Somos bons ou maus?

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Uma das primeiras coisas que aprendi na faculdade foram as Teorias X e Y.

Em resumo, um maluco chamado McGregor tava pensando na relação do ser humano com o trabalho. Em uma hipótese, que chamou de Teoria X, afirmou que as pessoas, se puderem, não vão trabalhar nunca. Que em condições normais, só vão fazer as coisas bem feitas sob pressão, ou quando são controladas. Elas não tem ambição, são preguiçosas e tão interessadas mesmo só no próprio bem-estar. Um indivíduo da Teoria Y seria o contrário. Um cara desse acha que trabalhar é a coisa mais natural do mundo, tão natural quanto se divertir ou descansar. O cara é criativo, gosta de buscar soluções pras coisas e assumir novas responsabilidades por conta própria.

As Teorias X e Y falam mais da relação homem-trabalho. Mas se for extrapolar pro resto da vida, o X é aquele cara preguiçoso, que faz o máximo pra poupar energia, que joga lixo no chão, estaciona na vaga de idoso e que se puder sacaneia os outros pra se dar bem, enquanto o Y é aquele melhor aluno da sala, competente, esforçado, que vende rifa pra financiar um projeto pros estudantes, que sempre para na faixa de pedestre e que por vezes faz as coisas pensando no bem maior.

Esse assunto nunca chamou minha atenção, simplesmente porque sempre achei que nossa espécie é completamente alinhada à Teoria X


X

Pensa bem: temos que ensinar as crianças a não pegar o brinquedo dos colegas, não o contrário; temos que ensiná-los a agradecer, não o contrário; temos que mostrar como é importante ser solidário e compartilhar as coisas, não o contrário. Algumas crianças, e até bebês, já conseguem manipular seus pais com choros e gritarias para conseguir o que querem. E isso é basicamente a natureza humana.


O ser humano está sempre atrás dos próprios interesses. As ações tomadas por cada um são, em certa medida, sempre pensando em si mesmo. Antigamente, a matança rolava solta sem problemas se fosse um meio de garantir a própria sobrevivência. Hoje, a matança diminuiu, mas as pessoas continuam passando umas por cima das outras pra ganhar popularidade na internet, pra crescer dentro de uma empresa ou pra ganhar mais dinheiro.

Pode-se argumentar que até mesmo ações altruístas podem ter motivações egoístas por trás. Quando o cara ajuda uma velhinha a atravessar a rua, será que tá se importando 100% só com a velhinha, ou a boa ação também é uma forma de se sentir melhor? Quando um ricaço doa um cheque pra uma ONG, quer exclusivamente ajudar os necessitados ou também pretende ser visto como filantropo bonzinho? Ajudar os outros num trabalho em equipe: faríamos se o resultado fosse pior do que fazendo sozinho?

A história nos mostra que a natureza humana é de garantir o seu e que se fodam os outros. Vou cooperar com os outros só quando isso me trouxer benefício. Essa civilidade em que vivemos hoje é coisa recente. Não foi fácil, demorou centenas de anos, mas em tempos de prosperidade, o ser humano conseguiu se educar, mudando sua natureza egoísta, individualista e predatória para uma mais controlada, onde conseguimos conviver em harmonia com nossos semelhantes. Mas se as necessidades surgirem, nossa natureza individualista aflora.

Freud escreveu que "o homem não é uma criatura gentil, que quer ser amada e que no máximo vai se defender quando for atacado; o homem é, pelo contrário, criatura cujos instintos possuem um forte componente de agressividade. Como resultado, o vizinho não é somente alguém que possa oferecer ajuda, mas também alguém em quem descontar sua agressividade, alguém pra ser explorado ou usado sexualmente sem consenso, alguém para ser roubado, humilhado, torturado e morto". E completa com uma frase comumente atribuída a Hobbes: "o homem é o lobo do homem".

Aliás, o próprio Hobbes descreveu um "estado de natureza", antes do surgimento da vida em sociedade, onde cada um tinha a liberdade de fazer o que quisesse para manter sua própria sobrevivência, onde se estabelecia a "guerra de todos os homens contra todos os homens" e onde a vida era "solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta". Pra acabar com a insegurança, o homem criou as armas e cercou seus terrenos. Pra acabar com a zona generalizada, surgiu o governo.

Caralho, quando o cara começa a citar filósofos de séculos atrás é porque a discussão ficou profunda. Mas não é pra menos, de fato a discussão sobre esse assunto existe há meio milênio, é complexa pra caramba e envolveu algumas das mentes mais brilhantes que já pisaram no planeta Terra.

Mas pra mim não tinha discussão: se deixar, o homem é ruim mesmo.


Y

Pra dar entrada na minha cidadania italiana, precisava encontrar uns documentos. Pra encontrar esses documentos, precisava ligar pra Itália. Pra ligar pra Itália, precisava falar italiano. Mas não falo italiano, nem conheço ninguém que fale. Entrei no /r/RandomKindness, um subreddit feito pras pessoas ajudarem umas às outras, de forma voluntária e em troca de nada. A ideia da parada é linda, então fui lá tentar a minha sorte. E em poucos dias consegui a ajuda de uma italiana. Ela se dispôs a ligar pra alguns números na Itália, fazer uns contatos e me ajudar a encontrar o que eu tava procurando. Pagando, eu teria que desembolsar milhares de dinheiros. Mas ela resolveu me ajudar, a troco de nada, simplesmente por ajudar. Não ganhou nada em troca, arrumou mais um problema pra encher a cabeça e ainda gastou tempo e dinheiro.

Outra menina foi fazer um intercâmbio voluntário no Quênia. Chegou lá e ficou apavorada com a situação precária do colégio onde foi voluntariar. Infraestrutura pobre, falta de professores e fome eram paradas comuns no meio da criançada. Voltou pro Brasil, juntou uma galera e criou um projeto pra arrecadar doações pra escola lá no Quênia. Hoje, o Projeto 50 Sorrisos conta com centenas de padrinhos (que fazem doações mensais pras crianças de lá) e já ajudou a reformar a escola, a comprar material e uniformes pros alunos, a encher barrigas e mais do que tudo, a transformar o lugar num ambiente bem mais próspero para os jovens alunos. Pensa em alguém que do nada conseguiu fazer uma diferença positiva na vida de centenas de pessoas. E ela não ganhou nada com isso (fora o reconhecimento pelo projeto foda que criou).

Galerinha estudando português na escola Ngota Upendo, em Nairobi. Fonte da imagem.

Entrávamos no lugar de mãos vazias, saíamos com 3 caixas médias lotadas de comida. Pães, bolos, frutas, verduras, pratos prontos, enlatados e mais. Tudo que eles pediam era uma doação voluntária de uns 2 dólares. E muito do que comi lá nos Estados Unidos veio desse lugar. Eles tinham acordos com supermercados e recebiam alimentos que estavam vencendo em breve, ou que tinham passado 1 ou 2 dias da data de validade. Limpavam, organizavam, armazenavam e distribuíam pra quem precisava. Lá em Park City não tinha muita gente que precisava, pra ser sincero, então quem acabava aproveitando eram os brasileiros e outros sul-americanos pés rapados como eu. Ainda por cima, organizavam uma vez por mês um jantar coletivo e gratuito pra qualquer um que quisesse. Era só chegar e bater um rango. Claro, não ganhavam nada por isso. Ajudavam quem precisava comer e ainda contribuíam pra um mundo mais sustentável aproveitando coisas que outrora iam pro lixo.

Depois desses 3 últimos parágrafos você já deve ter sacado aonde quero chegar.


Poderia ficar o dia inteiro...

... mostrando coisas boas que as pessoas fazem ...

.... umas pelas outras.

Como escolhemos enxergar

Sempre achei que o ser humano fosse podrão. Na Teoria X e Y, sempre achei que fosse tudo X mesmo. E continuo achando. Mas isso não é motivo pra não perceber que há gente maravilhosa nesse planeta, ou motivo pra perder a fé na humanidade. As pessoas podem, sim, ser boas pra caralho.

Depende muito de como escolhemos enxergar as coisas. O técnico de futebol Joel Santana deu uma entrevista bem interessante esses dias:

"Ninguém noticia quando o jogador de futebol vai na igreja pra rezar, mas se verem ele passando na frente do botequim, sai notícia de que tava tomando um porre". Da mesma forma, se mil pessoas ajudarem mil velhinhas a atravessar a rua num dia, ninguém vai dar a mínima. Mas se uma pessoa roubar a bolsa da velhinha, vira notícia, a galera se apavora e acabamos tomando aquilo como representativo geral da realidade.

Governador de The Walking Dead (proteção à comunidade), Fisk de Daredevil (amor), Pablo Escobar (filantropo), Saddam Hussein (revolução na educação e saúde no Iraque): ATÉ ELES tinham algo de bom no fundo

Parece que temos alguma afinidade por buscar ver o lado ruim das coisas, ou pelo menos por ter nossos sentimentos mais alterados por algo ruim do que por vários algos bons. Às vezes deixamos de nos exercitar porque sabemos que vamos ficar cansados, ou não queremos fazer tal coisa porque vai dar trabalho demais, ou não iniciamos um projeto pessoal porque com certeza vai dar errado, ou o cara não chega naquela gatinha na balada porque com certeza vai falar merda e tomar um toco, sempre focando no esforço e na parte ruim ao invés dos resultados positivos que as coisas podem trazer. O efeito exagerado que as experiências negativas causam em nós parece estar impregnado nas nossas mentes. Somos bichos, então podemos interpretar isso até como um mecanismo de sobrevivência: a coisa ruim te marca mais forte pra você evitar que ela aconteça novamente no futuro.

Lembrando que muitas vezes o cara que passa com som alto às 3 da manhã, o cara que joga bituca de cigarro no chão e até o maluco que defende a volta da ditadura podem fazer essas coisas por estupidez, falta de bom senso ou má educação, mas não por serem ruins em suas essências.

Se acreditarmos que o mundo é o que vemos no jornal, vai parecer que é uma completa merda mesmo. Mas se nos dispusermos a olhar atrás do véu de fumaça suja e podre do planeta, podemos ver muitas coisas boas também.

Somos bons por natureza e a sociedade nos corrompe, ou somos ruins por natureza e a sociedade força a gente a se controlar? O que você acha?






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20 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Isso assumindo que o bem e o mal existem. O ser humano não é bom nem mau por natureza, não existe isso. Você não diz que um leão é mau por matar seu tratador, por exemplo.
    A moral nada mais é que a "negação da vontade de vida", a contradição de nossos instintos (a única coisa realmente pura e real, livre de nossas interpretações).

    Ainda não cheguei em algo que me satisfaça, talvez seja só fraco, mas apesar de tudo, acho conveniente que o ser humano atribua sentido a essas coisas, mesmo sendo falso. Sendo o mal tudo aquilo que cause sofrimento.

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    1. Não li o texto ainda, mas sobre esse comentário lembrei de Baruch Spinoza e seu conceito de energia vital...

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    2. Ah sim. A definição de moral que citei no comentário foi baseada na filosofia de Nietzsche. Sempre esqueço de citar essas coisas.
      Eles tem filosofias semelhantes em relação a isso, não conheço suficientemente Spinoza para falar das diferenças.

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    3. É, assumindo que existem. Valeu pelos comentários! ;))

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  3. Gostei muito deste texto. Creio que o ser humano não é bom, nem mal. Ele só é ser humano. Até por que bondade e maldade é uma definição criada por humanos, não necessariamente existem. Algo que é bom para um, vai sempre ser ruim para alguém.

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  4. Acredito q todos os seres humanos tem um mesmo objetivo, q é viver bem. Mas não possuem o mesmo pensamento de como chegar lá, cada um faz o caminho q acha certo. E o maior problema e de sermos muito individualistas.

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    1. Bem interessante essa abordagem de cada um ter um jeito de chegar onde quer. Valeu pelo comentário, Zk!

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  5. Esse tema é de certa forma paradoxal. Envolve muitas coisas, entre elas, o ponto de vista. Você citou exemplos de pessoas com bases maléficas, mas se refletirmos, para outras pessoas essas pessoas podem ser boas. Temos vários exemplos pelo mundo, e hoje até mesmo esses exemplos nos cercam. Pode ser um colega que passou por cima de você para conquistar algo, mas que ao mesmo tempo ajudou outra pessoa em alguma coisa. Para nós, ele é uma pessoa ruim, mas para o outro, ele pode ser um salvador.
    O fato é que somos capazes de fazer o bem e o mal, mas será que nossas interpretações sobre ambos está correta?
    E algo que infelizmente é uma realidade, é essa parada de o mal sempre nos marcar e ser crucial para nos tornamos receosos, e assim, tomarmos uma forma de enxergar as coisas. Por isso só nos resta a reflexão e tentar entender os motivos de certas atitudes. Como exemplo, temos aquela geração que crê que "bandido bom é bandido morto", coisa que eu não concordo. Sem mais delongas, ótimo post! Abraços o/

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    1. Ruim pra um pode ser bom pro outro, sem dúvidas. Valeu mesmo pelo comentário, Vitor! ;)

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  6. Ótimo texto e com uma questão intrigante? Como um professor de história, sempre acabo caindo nessa questão de uma natureza boa ou má da essência humana. Pessoalmente, tenho minhas épocas em que acredito no X ou no Y. Não acho que existe uma conclusão pra tal questão, mas uma vez li uma citação interessante na obra "Incidente em Antares", do Érico Veríssimo:

    "Os livros escolares, cujo objetivo é ensinar-nos a história da nossa terra e do
    nosso povo, são em geral escritos num espírito maniqueísta, seguindo as clássicas
    antíteses – os bons e os maus, os heróis e os covardes, os santos e os bandidos.
    Via de regra, não se empregam nesses compêndios as cores intermediárias, pois
    os seus autores parecem desconhecer a virtude dos matizes e o truismo de que a História não pode ser escrita apenas em preto e branco."

    Talvez, enxergar o homem nessa dualidade bom ou mal seja como ver uma televisão em preto e branco.

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    1. Verdade. Mas hoje em dia podemos perceber que a visão "multicolorida" da vida em detrimento do "filme preto e branco" já faz parte até da cultura pop, desde novelinhas da Globo cuja mocinha fornica, bebe e trai até a figura do anti-herói nas grandes produções cinematográficas e seriados.

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    2. Excelente contraponto. Valeu, Doan!

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  7. Primeiro citarei esse trecho: “(...) o ser humano conseguiu se educar, mudando sua natureza egoísta, individualista e predatória para uma mais controlada, onde conseguimos conviver em harmonia com nossos semelhantes. Mas se as necessidades surgirem, nossa natureza individualista aflora.” Assistimos nessas séries pós-apocalípticas, como The Walking Dead, o retorno à bárbarie, a quebra do contrato social de que fala Rousseau – aliás, um pensador que possui visão oposta à de Hobbes acerca da natureza humana, este que você citou já denunciando o teu ponto de vista rsrs, colocando o embate entre os dois no final do texto: “Somos bons por natureza e a sociedade nos corrompe, ou somos ruins por natureza e a sociedade força a gente a se controlar?”. Nos julgamos evoluídos, civilizados e esclarecidos, mas a selvageria ou animalidade nos espreita a todo instante, esperando uma brecha para emergir.

    Fato curioso rsrs. “(...) se uma pessoa roubar a bolsa da velhinha, vira notícia, a galera se apavora e acabamos tomando aquilo como representativo geral da realidade.” Entendi que você está dando exemplo de um fato negativo e ruim para indicar o mal residente nas pessoas, e hoje em dia então, com a sociedade do espetáculo, coisas assim têm atenção ampliada; mas eu já estava pensando cá comigo quando desci mais os olhos e li o que você escreveu: “O efeito exagerado que as experiências negativas causam em nós parece estar impregnado nas nossas mentes. Somos bichos, então podemos interpretar isso até como um mecanismo de sobrevivência: a coisa ruim te marca mais forte pra você evitar que ela aconteça novamente no futuro.” É isso mesmo, na verdade o que está por trás da violência do ser humano é o homem-animal amedrontado, temendo por sua sobrevivência, por sua integridade física e moral – é a ancestralidade pulsando em nosso inconsciente...

    Enquanto cristão, acredito que o ser humano é formado pelo corpo e pelo espírito, formando a alma. Ora, somos seres evolutivos, podendo caminhar para a luz ou para as trevas, segundo o livre-arbítrio, podendo alcançar a condição de “filhos de Deus” na paternidade divina através da fé ou permanecendo como meras criaturas, sujeitos aos ditames da carne e dos instintos advindos do pecado original. Não acredito em predestinação, e seremos julgados por nossas ações boas ou más. O único princípio é o Bem, sendo o Mal apenas sua distorção, não existindo enquanto princípio. O que quero dizer com isso tudo: somos seres contraditórios, capazes tanto do bem quanto do mal, e devemos entender o que leva uma pessoa a escolher uma coisa ou outra, procurando promover o bem de todas as formas possíveis.

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    1. Ótimo comentário, como sempre. Muito obrigado, Darley!! ;))

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  8. Bem sempre pensei que a sociedade nos corrompe,e que nunca fui levar as coisas pro politicamente correto não acho que só porque uma pessoa não empresta um lápis ou uma borracha esteja errada e opção dela ela não e obrigada,assim como nós não somos,fazemos o bem porque achamos que é certo não para receber algo em troca e a mesma coisa que pensar que Jesus se finge de mendigo e saí por aí testando a bondade dos homens só porque ouve essa história sai dando presentes pra todos os mendigos que vê ? Isso e uma hipocrisia...fazemos o que achamos certo o que realmente e benéfico para o meu eu e o meu eu interior e ao proximo.Como sempre incrível seu texto sempre me deixando pensar como realmente mexe com minha mente.

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    1. Porra Nerbas, fico feliz que os textos do blog te façam pensar. Gerar reflexão é quase sempre o meu objetivo. Valeu por comentar e pelo apoio!

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