Kindle x Livros e 12 Livros em 12 Meses Parte #2: Os Outros 6

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Em julho de 2015 fiz um post apresentando a técnica que me fez ler mais: definir uma meta clara de 12 Livros em 12 Meses. 1 por mês, fácil. Além disso, também falei sobre os livros que tinha lido nos primeiros seis meses do ano.

Este post é, portanto, um complemento daquele. Bora falar de livros!

Mas antes, queria falar sobre outra coisa que mudou completamente meus hábitos de leitura: o Kindle.

Comprei meu Kindle novinho quando tava na Alemanha. É a segunda versão do modelo mais básico de todos, mas ainda assim revolucionou a forma como eu leio.

Meu Kindle lindão

Primeiro porque é leve pra caralho. É muito leve, não pesa nada. Então pra segurar por 1 hora nos braços ou pra carregar na mochila, fica muito melhor. E é pequeno, muito pequeno. Sem brincadeira nenhuma, ele cabe no bolso de alguns casacos meus e só não tentei botar no bolso da calça pra evitar danificar o aparelho. Ele é fácil de segurar com uma mão ou duas - e é muito mais fácil passar as páginas. Aliás, isso é uma das coisas que mais gosto. Odiava pegar um livro muito grosso e ter dificuldade pra segurar com as páginas bem abertas, às vezes chegava a cansar o dedo. Uma vez comprei pra minha mãe um bagulho de botar no dedão pra ajudar a segurar o livro aberto. Não é muito eficiente, mas a existência de um produto como esse indica que manter o livro naquela posição é um problema pra mais gente além de mim e da minha mãe.

Um bagulho desse aí. Fonte da imagem.
Também é muito mais fácil pra carregar por outro motivo: você enfia quantos livros quiser dentro da parada. Deve ter um limite de armazenamento, mas nunca vou saber porque cabem muitos, muitos livros. Isso significa que você pode ter uma coleção inteira em um aparelho do tamanho da palma da sua mão e que pesa menos que meio copo de água. Não é uma facilidade tremenda?

Entendo a galera que gosta de "sentir" o livro, folhear, tocar... tem todo um lado sensorial. Mas vamos combinar, livro guardado é armazém de poeira. Quantas vezes você foi lá naquela sua biblioteca dar uma olhada em livros velhos, reler alguns dos títulos antigos? Algumas pessoas fazem isso, mas a maioria de nós deixa os livros guardados pra sempre e não usa pra nada. Aqui em casa só me dá trabalho, porque não tenho onde guardar. Minha irmã usa livros como apoio pra outras coisas. A propriedade material da parada pode ter algum tipo de valor sentimental, mas o trabalho que dá, o capital parado que representa, o peso que tem e o espaço que ocupa me fazem pensar que guardar livros, com raras exceções, serve mais pra decoração mesmo.

Todos esses cabem num aparelho de 200g

Eu prefiro fazer o seguinte: compro, leio, vendo e uso o dinheiro pra comprar outro se for o caso. Não é mais interessante? O gasto com um livro pode ser reutilizado na leitura de vários livros, sem que você tenha uma biblioteca abandonada e que te consome mais grana a cada item adicionado à coleção. Se não for o caso de comprar outro livro, use o dinheiro pra outra coisa, mas livre-se do apego à propriedade material. Tô bem ligado que esse é um assunto especialmente delicado pra quem ama livros, mas garanto que se você converter sua biblioteca em dinheiro e gastar essa grana pra comprar um Kindle e outros livros digitais, vai ficar mais feliz.

E o meu Kindle é simplão, mas tem outros com recursos de dicionário e consulta instantânea à Wikipedia em caso de você encontrar um termo que não conheça, além de acesso à internet e outras funções. Coloquei vários livros dentro do meu Kindle e agora minha única desculpa pra não ler é a pura e espontânea preguiça.

Mas deu de Kindle, deixa eu te contar quais foram os 6 livros que li nos últimos 6 meses!


JULHO, AGOSTO, SETEMBRO, OUTUBRO
O Cavaleiro da Morte (Crônicas Saxônicas Vol. II)
Bernard Cornwell

"O quê? 4 meses pra 1 livro só? Mas e tudo que você falou sobre a meta de livros, e o Kindle, e ler mais e tal? Que texto mentiroso afffffffff!!111!"

É verdade, falhei miseravelmente na minha meta. Mas tenho um bom motivo (ou pelo menos uma boa desculpa).

"O Cavaleiro da Morte" é o segundo volume das Crônicas Saxônicas, série que me apaixonou ao primeiro livro. É uma "ficção histórica", que usa fatos reais para desenvolver uma história parcialmente fictícia. Se passa na Inglaterra do século IX e conta a história de Uhtred, um guerreiro inglês criado como dinamarquês e que passa a vida em meio à guerra entre esses 2 povos.

Se você curte história e batalhas, a série é pra você

Nesse 2º livro, o Uhtred passa de um moleque fazendo molecagens pra um personagem mais forte, com poder real de mudar a história da Inglaterra e com forte relacionamento com o Rei Alfredo. Aliás, talvez a Inglaterra só exista hoje por causa do Uhtred (ao menos na história). O livro é espetacular e segue o nível do primeiro volume. A série de livros é tão boa que virou série de TV!

A BBC América produziu a primeira temporada nesse ano. A 1ª temporada englobou os 2 primeiros livros em apenas 8 episódios, o que eu achei uma correria danada. O 1º episódio foi lançado no dia 10/10, data que é a razão das minhas dificuldades com a leitura. Eu queria chegar pra ver a série com a história fresca na cabeça. Minha memória é bem podre e eu tinha certeza que se terminasse de ler o livro em julho, chegando em outubro já teria esquecido grande parte da trama. Aí resolvi ler BEM devagar, pouco por semana, carregando a história na cabeça de julho a outubro, até o início da série. E foi assim que fiquei lendo o mesmo livro por quase 4 meses.


Uhtred: nos livros ele é loiro, não usa condicionador e parece bem mais fodão que esse almofadinha da série
Claro que poderia ter começado a ler outro livro ao mesmo tempo, mas não gosto muito de fazer isso, me confunde um pouco a cabeça. Então acabei demorando pra ler e atrasando minha leitura toda. Fechei o ano com 9 livros em 12 meses, mas mesmo com essa confusão e a desculpa esfarrapada, ainda assim considero o saldo positivo. Sem esse tipo de meta, antes chegava a ler 1 ou zero livros por ano (excluindo contar os de faculdade).


NOVEMBRO
I Am Zlatan
Zlatan Ibrahimovic

É a autobiografia do Zlatan Ibrahimovic, um dos jogadores de futebol que mais curto. Gosto dele porque o cara pensa um pouco fora da caixa, faz coisas dentro de campo e fala coisas fora dele que ninguém mais faz. Ele é realmente um jogador único e essa biografia é um prato cheio pra quem gosta do "Ibra" ou só de futebol mesmo.

Capa do I Am Zlatan

O livro tem diversas partes interessantes, mas algumas chamam a atenção. Ele, sueco, era apaixonado pelo Brasil e pelos jogadores brasileiros, por exemplo. Com dificuldade pra ficar no time titular quando jogava nos juniores, o jeito pra ele buscar se diferenciar dos outros, mostrar algo que ninguém mais tinha, era estudar os movimentos e dribles dos jogadores brasileiros, principalmente o Ronaldo. Aliás, o Ibra se declara diversas vezes fã absoluto do Ronaldo, chegando a dizer que não seria o mesmo jogador se não fosse pelo ex-camisa 9 da seleção.

"Tinha um computador na sede do Malmö e eu ia lá para assistir aos vídeos do Ronaldo e do Romário. Ficava voltando o vídeo várias vezes: 'como eles fazem?'. Observava os mínimos detalhes, fiquei obcecado. Foi o meu jeito de chamar a atenção no futebol."

Uma vez, Ibra encontrou Ronaldo em campo e ficou olhando pra ele como se não acreditasse que estava na frente do brasileiro. Tipo, totalmente fascinado. O vídeo chega a ser engraçado e o próprio Zlatan comenta sobre isso no livro. Olha só:



Outras partes interessantes contam como ele era um baita ladrão de bicicletas quando pequeno e que nunca gostou de drogas e álcool, mas sempre curtiu fazer algazarra, quebrar as regras e chamar a atenção.

Pra quem gosta de futebol é um prato cheio. Altos livro, recomendo mesmo!


DEZEMBRO
The 4 Hour Workweek
Tim Ferriss

O autor afirma trabalhar só 4 horas por semana e ensina todos os passos pra você fazer isso também. Fácil, não?

Na realidade bastante gente contesta algumas coisas deste livro, mas a maior parte do conteúdo é brilhante. Virou um dos meus favoritos de cara.

Ele ensina como criar um negócio online que vai te render uma boa grana de forma meio automatizada, sem que você tenha que trabalhar muito. Mas nem tanto por isso que eu curti o livro. Afinal, se o plano fosse tão fácil e preto no branco assim, todos que leram o livro uma vez estariam de boa na vida. O que realmente me atraiu foi como o livro a todo momento quebra paradigmas e desafia coisas que aceitamos como normais ou corretas, principalmente em termos de trabalho.

Título em português é ainda mais assertivo. Antes de ler dá a impressão de ser um livro charlatão.

Alguns pilares do livro até já foram abordados aqui no site, como a noção de que trabalhar muito no escritório com algo que você não gosta não é o ideal e que deve-se passar a vida fazendo coisas que sejam significantes para si. Apesar do "fique rico" ali na capa, o autor também crê que dinheiro não é tudo. Ele defende que renda relativa é mais importante que renda absoluta e chama de "Novos Ricos" uma classe que já vê a grana dessa forma: se ganho bem menos que você, mas trabalho muito menos que você, sou mais rico que você. Se ganho menos, mas posso viajar e trabalhar de onde eu quiser, sou rico em uma nova "moeda": a liberdade espacial.

Olha só uns insights do cara sobre trabalho duro e aposentadoria:

"Se eu lhe oferecesse 10 milhões para trabalhar 24 horas por dia durante 15 anos e depois se aposentar, você aceitaria? Claro que não, você não conseguiria. É insustentável, assim como a definição de carreira para a maioria: fazer a mesma coisa por 8+ horas por dia até que você não aguente mais ou até juntar dinheiro pra poder parar de trabalhar pra sempre."

"Aposentadoria é um objetivo ou redenção final que já começa falhada: é baseada no pressuposto de que você não gosta do que está fazendo durante os melhores anos em termos físicos da sua vida. Já é um motivo pra não começar - nada pode justificar este sacrifício."

E tem muitas outras coisas legais. Uma que eu gosto muito é como ele encoraja as pessoas a fazerem coisas desconfortáveis. Durante o livro todo ele propõe "desafios de conforto" para que a gente se acostume a sair mais vezes da Zona de Conforto, para gente se acostumar a fazer coisas desconfortáveis, mas necessárias. Uma das frases mais marcantes dele, inclusive, é bem nesse tom:

"Aquela ligação, aquela conversa, qualquer ação que seja - é o medo do desconhecido que nos impede de fazer o que precisamos fazer. Defina o pior cenário, aceite-o e faça. O que temos mais medo de fazer normalmente é o que mais precisamos fazer. O sucesso de alguém na vida geralmente pode ser medido pelo número de conversas desconfortáveis que a pessoa está aberta a ter".
Casou muito com minha forma de pensar e gosto de acreditar que também combina bastante com o estilo dos raciocínios que tento trazer aqui pro site. Conteúdo que tente ir além do que costumamos aceitar, que faça pensar. Se você curte o blog e ainda não achou felicidade no trabalho, é uma leitura quase que obrigatória. Não digo que mudou a minha vida, mas influenciou bastante e tenho certeza que pode fazer o bem pra sua também.


DEZEMBRO
The 4 Hour Workweek
Tim Ferriss

De novo? Sim!

Curti tanto o livro que tô relendo, logo após ler pela primeira vez. Parece maluquice, mas essa segunda leitura tá sendo num tom diferente, tô mais estudando o livro do que lendo. Venho anotando diversas paradas que acho interessante, listando os desafios de conforto e por aí vai. É um livro muito rico e minha memória falha deixa muito conteúdo ir embora, então nada melhor do que dar aquela boa anotada nas coisas mais importantes.


OS PRÓXIMOS

"Os Senhores do Norte" e "A Canção da Espada" são os livros 3 e 4 da série das Crônicas Saxônicas, mas dessa vez vou ler só 1 ou 2 meses antes da 2ª temporada da série começar. Aí chego pra assistir ao seriado com a história fresca na cabeça, mas sem me embaralhar todo com a leitura como foi nesse ano.

O "Paratii: Entre Dois Pólos", do Amyr Clink, continua no topo da minha lista também. Dizem que é até melhor que o "Cem Dias Entre Céu e Mar", então quem sou eu pra não ler. Na linha dos livros de futebol, tô querendo encontrar a autobiografia do Sir Alex Ferguson, treinador lenda do Manchester United e um dos maiores da história do futebol.

A releitura do "The 4 Hour Workweek" significa que já estou atrasado pro meu livro de janeiro de 2016, que dá início a um novo ciclo de 12 Livros em 12 Meses. Ciclo esse que, apesar de ter sido executado de forma capenga por mim nesse segundo semestre, sem dúvidas é um excelente motivador pra você ler mais. Se seus hábitos de leitura tão zoados, te convido a começar o desafio de 12 em 12 nesse mês. Quem sabe no 3º post dessa série 12 em 12, marcado pra julho, você não venha aqui dizer que passou a ler mais também? Se topar o desafio, fala alguma coisa aí nos comentários!

Se não topar, pelo menos me dá uma força e diz o que achou do post!

E lembre-se que ler é igual correr: o mais difícil é começar. Depois, principalmente se o livro for bom, você não quer é parar.












13 comentários:

  1. Oi Pedro, tudo certo?
    Parabéns pelo blog! Gostei bastante do conteúdo.
    Favoritei! ;)

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    1. Opa, tudo certo! Espero que continue gostando, muito obrigado mesmo! ;))

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  2. Olá! Adorei o post!! Muito bom saber que mais alguém tem essa percepção de que mais vale um Kindle na mão do que vários livros esquecidos em casa! Mas, confesso que, na maioria das vezes, compro livros físicos apenas pela beleza deles, as vezes até já os li no Kindle... Acredito que não seja um hábito muito bom...
    Ótimo blog!!

    Leitora Compulsiva
    http://olhoscastanhostambemtemoseufascinio.blogspot.com.br/

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    1. Kindle vale mais mesmo! Obrigado por participar aqui, Andrea! ;))

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  3. Também li 9 livros em 12 meses, porém eu comecei em setembro hehehe...
    Mas os que eu li são livros de infantojuvenil, que são de umas 150 páginas em média...(O maior que li foi "O Hobbit")
    Muito bom, Pedro! Vou colocar na minha lista de leitura o "The 4 Hour Workweek", parece ser muito bom! Vlw

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    1. Coloca na lista sim cara, vale muito! E 9 livros em 3 meses tá bom pra caramba, né! :D

      Valeu pelo comentário!

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  4. Estava pensando bastante em comprar um Kindle, porém confesso que eu gosto muito dos meus livros e não consigo me desfazer, sou amante da mídia física e que adora um universo digital. Minha namorada costuma dizer que eu sou híbrido demais kkkk

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    1. "híbrido" hahaha

      Muita gente tem essa resistência mesmo. Minha mãe é uma. Deve ser porque não foi ela que carregou tantas caixas enormes e pesadas cheias de livros dentro quando mudou de casa hahaha

      De repente dá de praticar o desapego aos poucos. Vende um livro aqui, outro ali e vê como se sente. Se um amigo tiver um Kindle, dá uma lida nele e vê o que acha. Creio que a mudança é benéfica :D

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  5. Olá, te acompanho pelo Twitter, gosto muito do seu blog, parabéns pelos ótimos textos que você publica. Então, sou uma leitora compulsiva, por isso eternamente grata a quem inventou o Kindle \o/ e também não tenho todo aquele ritual de sentir, cheirar, tocar, abraçar o livro(salvo algumas exceções). Mas hoje eu só compro o livro físico quando eu sou completamente fisgada por ele. Diante dessa alternativa tão dinâmica, viável, sustentável, incrível, vejo como desperdício se apegar a algo que muitas vezes só irá servir para ocupar espaço e se degradar com o tempo. Quem realmente gosta de ler sabe que livro é pra ser cuidado, apreciado e não ficar esquecido, abandonado às traças.

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    1. Poisé, creio que o apego aos livros físicos em geral é um exagero mesmo. Digo em geral porque tem gente que gosta de ler várias vezes o mesmo livro. Mas a maioria acaba na prateleira pegando poeira. Se for pra deixar assim, prefiro vendê-lo ou doá-lo, guardando só na memória mesmo. Fico muito feliz que você goste do blog! Valeu pelo comentário mesmo, Tamires! ;)

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    2. Opinião bem esclarecida a sua Tamires.

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  6. Essa transição de mídias é sempre algo problemática... pode ver o caso da indústria fonográfica - até hoje, depois de tanto tempo de obsolescência dos discos de vinil e com a atual escassez da mídia de CD, tem aqueles que pregam a superioridade da música no antigo formato em comparação com a qualidade do mp3 ou flac...
    Você deve jogar uma bolinha hein! Só fico lembrando de Super Campeões, um anime bem legal que passava na TV.
    Ter metas é fundamental! Confesso que estou muito mal das pernas quanto a leitura ^^ mas vou criar vergonha na cara e voltar a ler.

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    1. Como tudo na vida, em geral há uma resistência grande à mudança. É natural que aconteça com a tecnologia também, mas creio que no futuro breve os livros digitais cairão no gosto das pessoas.

      Quanto ao futebol, lembro de Super Campeões também! Eu pra falar a verdade gosto de tudo que envolva o esporte, mas jogar é o que mais curto.

      Obrigado pelo comentário, só lembra de cumprir as metas e ler mais! É o equivalente mental do exercício físico. Abraço!

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