Sua aparência diz muito sobre você

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Não mudo meu cabelo tanto assim, pensei comigo.

Um brother tinha comentado que tenho uma ampla gama de penteados. Eu tento uma coisa diferente uma vez ou outra. Parece algo banal de se falar, mas antigamente eu não tentava. E não tentava porque tinha medo. Meu cabelo era mais padrão, alinhado com o comum de tantos outros homens que a gente vê nas ruas todos os dias.

Mas certo dia resolvi mudar.


Mudança

Decidi que queria experimentar algo novo. Peguei a máquina e raspei o cabelo bem curto dos lados, deixando mais comprido em cima. Não é lá um corte revolucionário, mas tinha certeza de quais seriam as reações dos meus amigos, do meu pai, do meu tio...

De "gay" a "ridículo", meu pobre novo corte de cabelo, que tinha acabado de ganhar vida, foi chamado de tudo. O simples ato de você escolher uma aparência ligeiramente fora do mais comum incomoda os outros. Alguns não conseguiam se conter. Aparecia neles uma vontade interna irresistível de falar alguma coisa ruim sobre o meu cabelo. Não por ser o meu cabelo, mas por ser algo diferente do que estão acostumados.

Fazemos isso com mais frequência do que gostamos de admitir: rejeitamos o novo. Ridicularizamos o que não entendemos e o que destoa daquilo que acreditamos, ou do que estamos acostumados. Se acho que o meu corte de cabelo é o "certo", então naturalmente um corte bem diferente é ridículo - por que alguém faria algo assim?

"Alguém te obrigou?", me perguntaram meio brincando, meio falando sério. Não falo nada disso com um tom de coitadinho, levei tudo na esportiva - "sim, me forçaram, cara!"

Essa habilidade de levar na esportiva é a parte importante.


Confiança e atitude

Um simples corte de cabelo tem um significado mais profundo porque antigamente eu não teria coragem de cortar meu cabelo assim. É essa mudança de atitude, não o corte em si, a parte importante.

Alguma coisa me deixava inseguro antes e não agora. Alguma coisa me restringia de mudar minha aparência como bem entendesse, mas não restringe agora. O que mudou?

Creio que ganhei mais autoconfiança. Já escrevi um texto inteiro sobre como desenvolver autoconfiança, mas no meu caso ir pra China foi fundamental. Fui pro outro lado do planeta, passei perrengue, me virei e tive sucesso, em uma jornada cheia de altos e baixos que me transformou de um moleque em um homem. Essa aventura me fez perder muito do medo do julgamento alheio. Se passei por tudo que passei e consegui tudo que consegui sozinho e sem depender de ninguém, quem além de mim pode me julgar? Só você sabe de você mesmo. O que os outros acham ou deixam de achar parou de ter tanta relevância. Mais confiante, resolvi mudar meu estilo de cabelo. Mas a mudança de estilo é só uma ramificação de uma mudança mais profunda, de mentalidade e atitude.

Desde então passei a me divertir muito mais com a minha aparência. Não que eu não ligue para ela, longe disso, mas tenho muito mais tranquilidade em mudar algo aqui e ali de vez em quando, mesmo que isso me ponha um pouco longe do padrão que se vê nas ruas, do que os meus amigos ou meus parentes acham normal. Casei de gravata, bermuda e tênis. Por opção, corto meu próprio cabelo em casa há uns 2 anos. Já usei cavanhaque, barba fazendo um U do queixo para cima (sem bigode), barba fazendo um U do bigode pra baixo (sem cavanhaque), barba longa, barba curta, só bigode, só costeleta e por aí vai. Não me preocupo mais tanto em parecer "normal", mas sim em parecer como quero parecer. Se faço uma coisa dessas qualquer com meus pelos faciais e gosto, por que não manter? Grande coisa se alguém vai achar ridículo ou não.

Sua aparência diz muito sobre você
Os vikings certamente não tinham vergonha de ousar na cabeleira

Você pode se vestir igual a todo mundo porque quer, mas também pode se vestir como todo mundo querendo, por dentro, se vestir de forma totalmente maluca e diferente. O contrário também acontece: alguém se sente tão desconectado dos outros que deixa transparecer seu sentimento se vestindo e comportando de forma muito diferente, mas reprime um desejo interno de ser como os outros. Os outros não podem te julgar pela sua aparência, mas você pode. Quem vê de fora nunca sabe. Mas você sabe. A sua aparência pode sim dizer muito sobre quem você é. Não para os outros, mas para você.


Como?

A aparência diz sobre quem você é porque mostra o quanto você é você mesmo. Mudar um cabelo ou se vestir com roupas que você quer, gosta e se sente confortável pode exigir coragem. Se você faz tudo isso como quer é porque deixa seus gostos pessoais mandarem - e quem melhor que eles para mandar em alguma coisa? Mas se você reprime vontades pessoais por medo de parecer ridículo, é de certa forma covarde.

Sei que covarde é uma palavra forte, mas não precisa ser. A covardia poucas vezes é deliberada. Muitas vezes somos covardes sem a intenção, ou sem sequer consciência de que estamos sendo. Por diversos motivos temos medo de sermos julgados e por tanto tentamos nos comportar como normais, evitando que o julgamento alheio paire sobre nós. Isso é covardia, ainda que muitas vezes inconsciente. É covardia reprimir sua essência, seu eu interior. É covardia se vestir como os outros por medo. É covardia não pintar o cabelo porque vão falar de você. É covardia fazer coisas, mesmo que não relacionadas à aparência, porque outra pessoa quer - sabe aquele cara que faz faculdade de um curso que odeia porque o pai quer? Sem nosso eu, nossas próprias vontades e gostos, somos mais uma peça de uma fábrica com produção padronizada.

Esse tipo de covardia é rotineira, é normal e se acomete sobre quase todos nós. Mas o quanto você deixa ela falar mais alto determinará o quão corajoso você é. O quanto você é você mesmo.

No fundo, você e só você sabe: sua aparência e suas atitudes mostram quem você é, ou mostram quem os outros querem que seja?

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Se você gostou e concorda com o texto, talvez curta o vídeo abaixo, onde questiono por que ficamos falando da vida dos outros.



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8 comentários:

  1. As pessoas deveriam fazer mais isso, ser mais elas mesmo sem se importa com comentários alheios, estou fazendo isso há um tempo e me sinto bem melhor do que antes, não sou só mais um igual a maioria, ótimo texto parabéns.

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    1. De fato a gente se sente bem melhor, né? Fico feliz que tenhas curtido o texto, muito obrigado pelo apoio! ;)

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  2. Eu mais novo(alguns anos atrás) eu inovava bastante. Cansei de chegar no colégio com o lado da cabeça careca e um moicanão na cabeça, uma época eu pintei pra loiro e ficava trocando de cor via papel crepom. Chegou no final do meu 1º ano do colegial e eu fiquei sem cortar até o final do 2º, que era divertido e me deu diversos apelidos :P De lá pra cá to na boa, ainda pensando em fazer alguma mudança. Que cresça logo minha barba T_T

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    1. Que massa cara! Pintar com papel crepom é clássico huhauha
      Independente de usar um estilo diferente ou mais comum, o importante é ter a coragem de fazer o que a gente quer, e isso você teve de sobra pelo visto. Valeu por comentar brother! ;)

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  3. Realmente,vivo isso diariamente!
    Pelo menos uma vez no dia ouço alguém dizer ''Vai cortar este cabelo''ou ''Isso parece um capacete''. Felizmente nunca liguei muito pra o que os outros falam da minha aparência,uso o cabelo ou roupa que sempre gostei e pronto!
    Encontrei seu blog recentemente e estou gostando muito,vou estar acompanhando,até mais :D

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    1. É isso, Ruben. É a atitude certa, ao meu ver. Obrigado pelo comentário e espero que continue curtindo os próximos posts! Abraço!

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  4. Muito Legal o texto! coerente. Nunca vi ser abordado por este ponto! Me fez ver em mim algo que não via! a coragem! pois sempre tive coragem de ser diferente!

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    1. Muito legal o seu comentário, obrigado! Fico feliz que tenha curtido o texto. Abraço!

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