Perto e longe de quem se gosta

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Eu tinha acabado de voltar do boteco. Das 3 pessoas que foram comigo, uma em específico é um dos meus melhores amigos, daqueles que você conhece desde a infância. Ele morava há no máximo 10 ou 15 minutos da minha casa, mas eu tinha ficado um mês sem vê-lo.

Foi muito massa encontrar o cara. Contamos histórias, trocamos ideias e falamos aquelas besteiras que sempre rolam em papo de boteco. Encontrar um amigo no bar parece algo banal, mas é uma oportunidade muito valiosa. Quando eu estava na China, não tinha nada disso.

Longe de quem se gosta

Lá eu estava do outro lado do mundo. Vir ao Brasil? Complicado. 2 dias de viagem, umas 35~40 horas de voo e uma passagem com preço nada amigável. Principalmente pela questão financeira, era impossível ficar indo visitar amigos e parentes.

Às vezes me pegava lembrando da família, dos amigos, e batia uma saudade da porra. Eu sentia muita falta.

Longe de quem se gosta
Num parque a 17 mil quilômetros do Brasil

Com frequência cometemos o erro de não valorizar as pessoas que a gente gosta, que estão do nosso lado. Mas elas fazem falta quando somem de alguma maneira. No meu caso não sumiam. Elas estavam no Whats e no Skype, há um toque na tela de distância, mas se comunicar assim não é a mesma coisa que ver as pessoas na frente: olhar no olho, abraçar, compartilhar algum momento. Não é mesmo.

Essa saudade e vontade de estar perto das pessoas foi um dos grandes motivos que me levaram de volta ao Brasil.

Perto de quem se gosta

Voltando para o país, mataria a saudade e teria tudo aquilo que sentia falta morando longe.

Isso na teoria.

Estando no Brasil, meu amigo que morava mais longe ficava há 30 minutos de distância. Eu tinha uma moto e podia usá-la para me levar onde eu quisesse, quando eu quisesse. Mesmo assim, às vezes ficava 1 mês ou até mais sem ver algumas pessoas que eu amo.

Aconteceu com esse meu amigo, aconteceu até com o meu pai! E o pior, eu tenho um irmãozinho pequeno que eu sentia falta de ver crescer quando morava na Ásia, mas no Brasil não ia visitar frequentemente.

Perto e longe ao mesmo tempo

Isso me intriga. Mesmo quando estamos perto de quem a gente gosta, por vezes mantemos um contato tão fraco. Por quê?

A gente inventa todos os tipos de desculpa. Fulano tá ocupado, Beltrano não pode, Ciclano tem compromisso. Mas sabe qual é a verdade? Atitudes demonstram prioridade. Se você ou seus amigos não conseguem abrir um espacinho na agenda para se encontrar, é porque todas as outras coisas são mais importantes naquele momento. Lá no fundo, falta uma vontade verdadeira de ficar perto de quem se gosta.

"Ah, mas a pessoa tá ocupada, não tá em casa..." Ah é? Onde a pessoa está então? Não é só passar lá? Ela vai dormir em casa, não vai? Então passa lá à noite. 10 ou 15 minutinhos, só pra dar um abraço e manter viva aquela relação.

Com a família os laços são até mais fortes. Mesmo que existam problemas e um contato menos frequente, ainda assim temos uma ligação muito forte. Você cresceu com aquelas pessoas. Já os amigos vem chegando em vários momentos durante a vida. E a amizade é frágil.

Gosto de pensar na amizade como um brotinho, daqueles de feijão que você plantava no algodão quando era moleque, sabe? Você botava o feijão no algodão, molhava, deixava em algum lugar com sol e ia ver depois de uma semana. Se ninguém tivesse lembrado de regar, ele estava morto.

O broto morria porque é frágil, assim como a amizade. Ela precisa ser regada constantemente.

E mais: não só por um lado. Se só um lado regar, não vai funcionar. As duas pessoas precisam colaborar para que aquilo dê certo. Se o broto não for regado pelos dois lados, pode morrer ou ao menos ficar fraco, debilitado, com folhas amarelas.

Longe de quem se gosta


Garanto que você tem alguém que gosta muito, mas que não vê há 1 ou 2 meses mesmo estando perto. Talvez também tenha um amigo que era muito chegado antigamente, mas que hoje a amizade se resume a uma conversa de 2 minutos pelo Facebook a cada ano. Isso pode acontecer porque as pessoas mudam e a amizade sofre as consequências. Mas também pode ser que os esforços feitos para manter a amizade não foram suficientes.

A gente nunca sabe o dia de amanhã. Pode dar um infarto fulminante em alguém, ou outra pessoa pode ir viajar e morar longe. Então se você estiver perto de quem gosta, aproveite. Marque alguma coisa, visite, tome uma atitude para estar perto. No mínimo uma vez por mês, vai?

Quando encontrar a pessoa, capriche no abraço. Se ela te abraçar um pouquinho mais forte do que você está abraçando ela, vai sentir algo bom. É uma demonstração involuntária de que a pessoa estava com saudades.

E lembre-se sempre disso tudo. É uma lição que não serve para ser usada uma vez e jogada fora. Aproveitar quem amamos enquanto estamos perto, enquanto temos a possibilidade, é algo para a vida toda.

As melhores coisas acontecem quando estamos com outras pessoas. "É impossível ser feliz sozinho", diz a música. Impossível certamente não é, mas com companhia é muito melhor.

Vale avisar que este post também está disponível em vídeo! Foi o primeiro que gravei e o conteúdo é quase o mesmo ;) 






4 comentários:

  1. Boa tarde !


    Até que foi um post legal, para quem não é tão observador, pode ajudar alguém a pensar nessa questão.
    Concordo que temos que ter energia para mantermos a amizade. Porém, se uma das partes não se esforça, a amizade não dura mesmo.
    Quanto a estar perto de quem gostamos, nos últimos anos não tenho estado alegre de estar na presença dos meus familiares. E não, não são pessoas ruins, são muito legais. Mas não me sinto mais à vontade de estar perto. Apesar de que cresci junto com eles. Em questão de amigos, só tenho uma amiga. O resto são colegas.

    Att,

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    1. Tenho um amigo que é muito próximo, mas vivo dando esporro nele porque o cara às vezes não se esforça pra manter a amizade viva. De fato se os dois não colaboram, não rola.

      Quanto aos familiares, entendo essa desconexão. Também senti um pouco disso e não só com a família, mas com amigos de longa data também. A gente vai mudando, vai enchendo o saco de algumas coisas, e acaba não apreciando mais aquelas companhias como apreciava antes. Mas isso tudo muda no instante que você fica sem essas pessoas. Se na presença delas a gente se sente desconfortável, na ausência nos sentimos destruídos. Por isso acho importante fazer um esforço para manter as relações saudáveis... nunca sabemos o dia de amanhã.

      Quanto à colegas e amigos, de fato há uma diferença brutal. Até escrevi sobre em outro artigo sobre como saber quem é amigo de verdade, se tiveres interesse em ler.

      Obrigado por passar aqui e comentar! ;)

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  2. Tenho um amigo mas que parece que sempre sou o mais determinado a manter a amizade em pé e isso me dá raiva, me faz querer afastar dele.

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    1. Complicado, também tenho um brother assim. Já dei esporro nele várias vezes e com o tempo a coisa melhorou. Comigo morando fora, esses dias ele até veio por conta própria querer saber como eu tava... De repente na base do esporro funciona! :)

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