5 histórias inspiradoras

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Tô fazendo um curso de "contação" de histórias. Sem muita pretensão, só pra entender um pouco melhor do assunto. O curso também não é lá algo maravilhoso, mas me deixou um pouco maravilhado com histórias bem contadas.

Se te digo um fato, você esquece. Se conto uma história que leva àquele fato, você vai lembrar. Histórias mexem com a gente, geram empatia e criam uma conexão bem mais forte do que informações ao vento. Por isso, saí caçando 5 histórias incríveis pra inspirar o seu dia e o meu.


Superação

O cara já gostava de correr desde pequeno. Ia sempre correndo pra uma escolinha pequena junto com seu irmão mais velho. O irmão era responsável por abastecer com querosene uma espécie de lareira pra aquecer o ambiente. Um dia, o fornecedor de combustível mandou gasolina ao invés de querosene por engano. O irmão não sabia, tacou-lhe gasolina na parada e foi tudo pro ar. Uma explosão que matou esse irmão mais velho (13 anos) e deixou o mais novo (8), Glenn Cunningham, seriamente queimado. As pernas do guri tavam tão fodidas que o médico mandou amputar. Tinha perdido praticamente toda a carne do joelho, da panturrilha e dos dedos do pé. A equipe do hospital acreditava que ele nunca mais seria capaz de andar direito.

O guri ficou louco de aflição e os pais dele não autorizaram que as pernas fossem amputadas. Depois de uma terapia intensa, 2 anos após o acidente ele tentou andar pela primeira vez. E descobriu que doía menos correr do que andar.

Ganhou uma corrida na escola aos 12 anos e decidiu tentar correr profissionalmente. No fim da história, ganhou uma medalha de prata e um quarto lugar nas Olimpíadas de 1936 e 1932 respectivamente. Bateu vários recordes mundiais em modalidades como a corrida de uma milha e de 800m, mas teria afirmado: "corri em várias corridas importantes, incluindo nas Olimpíadas, mas nenhuma foi mais importante do que aquela no colégio quando eu tinha 12 anos".

Glenn Cunningham, what a fucking legend! Em algumas fotos dá até pra notar a pele diferente do joelho pra baixo
História contada no site da Universidade de Kansas (e na Wikipédia, claro)


Segunda chance

O pai da mina era fotógrafo. Quando o cara se separou da mulher, passou a ser um pai ausente, andava sumidão. A avó disse pra menina, Diana Kim, que o pai dela tava com a saúde mental bem zoada; que não queria comer, nem tomar banho, nem tomar remédios; e que ninguém mais tinha certeza de por onde ele andava.

Pois bem, a guria acabou gostando de fotografia também. Em 2003, ela estudava e começou a trabalhar num projeto sobre os moradores de rua da região. 9 anos depois, ainda tocando o projeto, a Diana encontrou o próprio pai morando na rua!

No começo, o pai nem reconheceu a menina. Disseram pra ela ficar longe dele, que ele ficava por ali vagando o dia todo.

"Fotografar meu pai se tornou um mecanismo de defesa pra mim. Levantava a câmera na minha frente, como se fosse um tipo de barreira que me protegeria. Doía muito ver ele daquele jeito. Algumas vezes eu ia lá e ficava olhando pro chão, não conseguia ver ele naquelas condições. Meu próprio sangue, mas ao mesmo tempo um estranho pra mim."

Ela continua. Olha que tenso:

"Algumas noites eu não o encontrava. Em outras ele aparecia em uma esquina quando eu menos esperava. Ele sofria de esquizofrenia severa e estava lá, sem tratamento. Muitas vezes ele começava a discurtir com alguém, mas na verdade não tinha ninguém por perto. Ele não queria tratamento, ou remédios, nem comer, tomar banho ou botar roupas novas. Não sabia se ele melhoraria. Algumas vezes eu pensava que ele morreria nas ruas."

"Meu pai teve um ataque cardíaco na rua e alguém chamou a polícia. Ele foi pro hospital e recebeu medicação. Acabou ficando bem e seu estado mental melhorou. Ter um ataque cardíaco salvou a vida do meu pai. Foi o que fez ele voltar a ser tratado."

Hoje o cara tá bem. Segundo a filha, ele tem objetivos na vida, tem esperança de que as coisas vão dar certo. E acima de tudo tem muito orgulho de ter dado a volta por cima, saído do fundo do poço.

"Meu objetivo, muito antes de encontrar meu pai como morador de rua, era humanizar os que viviam assim. Cada um tem uma história. Todo dia é dia de abraçar uma segunda chance. Não há fracasso se você não desistir, e ele nunca desistiu. E eu nunca desisti dele."


Estado do pai dela quando encontrado. O mais louco é que a Diana tem tudo registrado em fotos. Fonte.

Um ataque cardíaco que salvou uma vida. Fonte (site da Diana).

Diana e seu paizão, recuperado e sorridente. 

Notícia na NBC News
Homeless Paradise, site da Diana.


Amor e destino

"Foi uma verdadeira história de amor. Eles estiveram juntos por 75 anos", disse o filho do casal.

Helen e Les nasceram no mesmo dia, em 31/12/1918. Se conheceram no ensino médio e se casaram aos 19 anos, contra a vontade das famílias - o Les era de um lar mais ricão, enquanto a Helen vinha de uma família mais humilde. Viveram 75 verões juntos e não eram aquele casal de velhinhos que não sai da frente da TV. Eram ativos na comunidade e ajudavam a organizar eventos no bairro.

Um dos filhos do casal afirmou que "a mãe dizia que não queria ver o pai morrer, enquanto o pai dizia que não queria viver sem a mãe". Ele se foi no dia 16/7/2013, ela no dia 17. Ele estava com Parkinson, ela com câncer de estômago. Nasceram no mesmo dia, ficaram juntos por 75 anos, morreram com um dia de diferença. Um não conseguiu ficar sem o outro.

O casal. Difícil não acreditar em alma gêmea depois dessa, hein?!

História contada na ABC News


Solidariedade

O cara perdeu seu pai quando era bem novo. A mãe teve que cuidar dele sozinha e o inspirou a querer cuidar dos outros. E há 35 anos ele doa todo o seu salário, todo mês, para os mais pobres.

"Quando era muito jovem, comecei doando roupas e ajudando outros a estudar. Foi por uma causa pessoal. De onde venho, não há estradas, ônibus, escolas, eletricidade e não tem sequer uma loja por perto pra comprar uma caixa de fósforos. Tinha que andar 10km pra ir pro colégio e mais 10km pra voltar. Fazer isso sozinho é uma experiência muito solitária. Pensei que se eu pudesse motivar algumas das crianças a vir comigo para a escola, poderia ser bem mais divertido."

Palam Kalyanasundaram, esse indiano de 75 anos, não só se formou nessa escola como tem mestrado em história e literatura, recebeu o título de "mais nobre do mundo" do International Biographical Centre (Cambridge), foi considerado um dos caras mais importantes do milênio passado pelas Nações Unidas e ainda levou títulos como o "melhor bibliotecário da Índia" e "um dos 10 melhores bibliotecários do mundo". E adivinha? Doou tudo que ganhou de dinheiro por esses prêmios pra caridade.

Olha só a visão de mundo do cara: "Dá pra ganhar dinheiro de 3 formas: renda própria, renda de parentes ou por doações. Mas não há nada que deixe o cara mais realizado que doar pra caridade o dinheiro que você mesmo conseguiu."

Além de doar salários e premiações, Kalyanasundaram também pegou bicos em outros lugares, como de garçom em um hotel, para poder doar mais.

"Redefiniu o conceito de caridade", alguns disseram

Uma alma tão boa dessa dando sopa no "mercado"! Mas ele não quer casar. Por quê? Porque casamento custa. Casar faria ele poder doar menos dinheiro para a caridade.

Notícia original (DNAIndia)


Amor (de novo)

Essa aqui foi muito bem contada pra eu mexer em qualquer coisa. A partir daqui segue a tradução na íntegra:

Eu tava na lanchonete da facul estudando quando dois caras mais velhos sentaram do outro lado. Um começou a falar da sua mulher, e quando ele perguntou ao outro sobre a mulher dele, o 2º cara disse:

"Cara... eu tinha 21 anos quando conheci ela. Vi do outro lado da sala e bixo... ninguém teve que me falar quem ela era. Eu falei 'lá vai minha mulher', e o resto é história. Aquela garota era especial, cara. Todos os dias eu saía, trabalhava 12 horas e quando voltava pra casa o jantar tava na mesa me esperando. Depois que as crianças iam dormir, a gente tava tão cansado que íamos direto pra cama pra ficar abraçadinhos. Eu sempre ficava feliz sabendo que ela tava nos meus braços. Eu dizia pra ela todas as noites que enquanto ela estivesse lá, eu estaria bem. Ela era minha rainha, cara. Eu falava isso pra ela todos os dias, ela era a rainha de toda a minha vida. E minha rainha me forçava toda hora a ser o homem que eu tinha que ser. [..] me forçava a ser um pai melhor. Pode perguntar pras minhas filhas e elas vão dizer: não estaríamos onde estamos hoje se ela não tivesse sempre nos feito melhor. Algumas pessoas simplesmente tem um jeito de fazer as coisas, sabe? Algumas pessoas simplesmente te fazem um homem melhor.

Um dia ela começou a ficar doente. Não me preocupei muito no começo, todo mundo fica doente às vezes. Mas os médicos começaram a achar que precisávamos nos preocupar. É mano, eles tavam certos. Ela me perguntou se eu casaria com outra pessoa se ela morresse. Ele se preocupou com isso. Ela não conseguia me imaginar com outra mulher. Eu disse que jamais teria uma segunda rainha. Mas sabe o que rolou? Ela não acreditou! Aquela mina me olhou nos olhos e disse 'Eu conheço você muito bem! Você é o tipo de homem que precisa de uma mulher do lado. Você não conseguiria ser feliz sozinho!'. Olhei bem direto naqueles grandes olhos castanhos e disse 'docinho, não preciso de uma mulher na minha vida, preciso de você. Você é a única pra mim'.

Depois de um ano lutando, muita coisa mudou. Não tinha mais jantar na mesa quando eu chegava em casa. Ao contrário, eu tinha que trabalhar 12 horas por dia antes de vir pra casa. Eu carregava minha mulher da cama pra mesa. Eu cozinhava com ela sentada lá me olhando e conversávamos como se nada tivesse mudado. Às vezes, a gente sentava e comia e sorria juntos e ficávamos felizes só de saber que podíamos olhar um pro outro. Nos dias ruins, eu a alimentava, ela chorava e pedia desculpas, mas eu dizia que eu estava lá pra isso mesmo. Ela tava tão doente, cara. Ela mal conseguia fazer nada. E ela pedia pra tomar remédios toda hora, a cada 4 horas. Depois de comer, eu carregava ela pra cima e deitava ela na ama, e deitava ao lado dela e abraçava ela como a gente sempre fazia, e tudo ficava bem. Como eu disse antes, não importava o que estava acontecendo, desde que eu pudesse tê-la nos meus braços. Mas a gente só podia deitar juntos por 4 horas, porque depois eu precisava pegar os remédios pra ela. Mas essas 4 horas em que ficávamos juntos.... cara, eu não teria trocado por nada!

Mas o corpo tem um limite, sabe. Depois de 2 anos doente como um cachorro ela se foi. Eu percebi que ia acabar acontecendo, e ela também. Nós sabíamos que ela não conseguiria se recuperar. Mas mesmo assim pareceu que foi do nada. Tipo.... um dia ela tá nos meus braços, no outro ela se foi. No começo eu fiquei arrasado, mas não demorou até eu perceber que ela estava num lugar melhor. Ela não precisava mais tomar remédios, não precisava mais comer minhas jantas horríveis. Mas sabe o que me incomoda? Não sei o que fazer com as coisas dela. Tipo... não posso jogar tudo fora. Todas as roupas dela ainda estão no closet, tenho fotos dela por todos os lados e o lado dela na cama está exatamente como ela deixou. Quero acreditar que ela ainda está aqui. Minhas filhas me dizem pra dar um jeito nas coisas e arrumar a casa, mas passei minha vida naquele lugar com ela. Ainda é a nossa casa, até onde eu sei."

Houve silêncio. Nunca tinha ouvido alguém falar com tanto respeito e admiração. Era óbvio que ele tinha amado e adorado aquela mulher de verdade, e isso não mudaria nunca.

O outro homem quebrou o silêncio e disse: "Cara, deve ter sido tão difícil. Tomar conta dela e ter que fazer tudo pra ela".

Um sorriso surgiu no rosto do cara mais velho e ele disse: "Cara, foi meu privilégio poder servir à minha rainha pelo tempo que servi."

História tirada deste tópico do Reddit.


Tem MUITA história boa nesse mundo

Em livros, filmes, séries, notícias, relatos, sejam reais ou de ficção. E é por isso que estamos sempre atrás delas. Tentei mostrar algumas bem legais e menos conhecidas, mas com certeza há tantas outras que poderiam estar aqui.

E com certeza você sabe de alguma história fodástica também. Mesmo que não seja bonita ou inspiradora como essas do post, conta aí nos comentários!

E me diz lá no twitter o que achou do post! ;))


4 comentários:

  1. Creio que esse seja o denominador comum: dedicação incondicional! A superação do próprio eu e suas diversas limitações na dedicação ao esporte; a memória e resignação amorosa da filha pelo pai; o afeto romântico de um casal por toda a vida; o senso de responsabilidade transmutada em caridade compulsiva de um indiano; a resiliência da paixão e respeito de um homem por uma mulher à iminência da morte. São relatos que fazem a gente pensar um pouco na vida e nesse mundão grande e maluco.

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    1. Fazem pensar mesmo. Alguém poderia esbarrar no indiano na rua e rapidamente julgar ser só mais um pé rapado. É aquela coisa: todo mundo tem uma história e na maioria das vezes não sabemos nada sobre a outra pessoa. Valeu pelo comentário! ;))

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