Como desenvolver autoconfiança

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Na faculdade, eu não gostava de chegar atrasado na aula. Não por perder conteúdo ou tomar algum tipo de esporro do professor, mas para não ter que abrir a porta com todo mundo já sentado e atrair olhares da turma.

Nunca fui de ter muitos problemas sociais, mas também não era dos moleques mais confiantes do mundo. Na hora de fazer uma pergunta na sala, por exemplo, o coração já dava uma acelerada.

Ainda bem que esse tempo passou, mas a falta de autoconfiança é ou já foi um problema pra muita gente.


Autoconfiança

Acho que a autoconfiança tem duas vertentes. Uma é confiar em si mesmo para executar alguma coisa, como ir bem numa prova, no trabalho ou em uma tarefa específica que requer algum tipo de conhecimento ou habilidade. A outra é uma confiança geral em si frente a qualquer coisa da vida, como não ter medo de arriscar, de tentar coisas diferentes, de tomar decisões, não se intimidar com outras pessoas ou com o julgamento delas.

Alguns leram até aqui e já estão ultra desconfiados, pensando que autoconfiança não é com eles. Que "não tenho isso", que "sou ruim naquilo", que "sou envergonhado". Só de pensar no assunto a coluna já dá aquela encolhida, o pescoço se curva para baixo e, quando você vê, está igual uma avestruz com a cabeça enterrada, ou na versão humana, trancado no quarto ou no banheiro.

Como desenvolver autoconfiança


Essa situação hipotética das últimas linhas certamente não parece boa. E nem precisa ser tão feia àquele ponto, mas certamente a falta de confiança te desencoraja a fazer as coisas que você quer fazer e até despotencializa o seu viver.

A importância de desenvolver autoconfiança

Vi um TED Talk com o Dr. Ivan Joseph, um treinador de futebol que ganhou algum campeonato universitário importante lá nos Estados Unidos. Ele diz que muitos pais levam seus filhos lá pra universidade dele e tentam colocá-los pra jogar no time. Quando perguntados sobre o que os seus filhos têm de qualidades a acrescentar ao time, geralmente dizem algo como: um chute muito forte na perna esquerda, uma visão de jogo incrível ou uma habilidade única para cabecear a bola. O Dr. conta que diz pra esses pais: "hmmm, certamente é melhor que nada, mas essas são as últimas coisas que precisamos. A coisa mais importante por aqui é autoconfiança. Sem essa habilidade, somos inúteis como jogadores de futebol. E falo a palavra habilidade de propósito, pois acredito que a confiança pode ser treinada".


Como desenvolver autoconfiança
Falta ou excesso de confiança?

"Quando você perde a confiança em você mesmo, está acabado", ele completa. Provavelmente ninguém lendo esse texto é um jogador de futebol, mas o raciocínio do cara sobre a autoconfiança é interessante. Primeiro, por ser considerada por ele como algo mais importante até do que a habilidade técnica dentro do campo. Segundo, por não ser algo inato e sim algo que pode ser desenvolvido.

Mas então como desenvolver autoconfiança?

Tentei pensar em algumas das coisas que me ajudaram a ter mais confiança, juntei com coisas que esse Dr. Ivan Joseph falou e formei essa lista aqui:

Repetir, repetir, repetir

Uma vez estava saindo do escritório onde trabalhava lá na China quando um chinês me abordou. Ele estava com 2 amigos por perto e começou a falar com um inglês bem ruim. Não sou de dar trela pra ninguém que me aborda na rua. Como bom brasileiro, já fico com medo, protejo o bolso da carteira e saio apressando o passo. Mas havia um certo movimento ali perto do prédio, o dia ainda estava claro, na China o perigo nas ruas é perto de zero e o chinês parecia bem intencionado, então parei pra ouvir.

Ele me disse, meio gaguejando, que tinha muito medo de falar com as pessoas. Contou que tinha alguma espécie de ansiedade social e que estava abordando pessoas aleatórias na rua pra se forçar a ultrapassar aquele medo. No final, perguntou o que eu tinha achado dele e do papo. Falei para o rapaz que tinha sido tudo tranquilo e que não havia nada de errado com ele. Apertei a mão e ele deu um sorriso. Fui embora, virei as costas e depois de 2 passos ouvi gritos. Quando olho para trás o chinês está cumprimentando os outros 2 amigos efusivamente, com estrondosos high-fives e apertados abraços.

Tudo o que ele estava fazendo era treinar, repetir algo para ficar melhor naquilo. Se ficasse apenas em casa, se olhando no espelho e dizendo "eu estou confiante, eu estou confiante", provavelmente engasgaria na hora de ter um contato social de verdade com um desconhecido na faculdade ou em algum bar. Ao invés disso, foi para a rua praticar, encorajado e apoiado pelos seus amigos, para na hora que realmente precisasse falar com alguém, ter a confiança de fazê-lo. E comemorou quando conseguiu bater um papo tranquilo com um desconhecido na rua.

Para ficar confiante na hora de fazer qualquer coisa, é bom treinar. Só treinando pênaltis constantemente um atacante chega no Maracanã lotado e consegue botar a bola pra dentro da casinha. Se não treina, a chance de correr pra bola já se cagand* de medo, com a perna tremendo e mandar a bola lá na geral é bem maior. E quando você vai apresentar um trabalho na frente da sala, no colégio, faculdade ou pós, não é mesma coisa? Tem gente que não tem problema com isso, mas quem fica nervoso pode ter certeza que treinar a apresentação sozinho e depois repetir na frente de um amigo, por exemplo, ajuda a trazer a confiança de que você pode ir lá na frente da galera e mandar bem no discurso. E essa confiança pode ir acumulando para o resto da vida: talvez fazendo isso durante umas 4 ou 5 apresentações, na 6ª a sua mão já não sue tanto e você consiga falar mais tranquilo, sem medo.

"A repetição leva à perfeição" não só porque você ficou bom naquilo, mas porque você tem confiança de que, sendo bom naquilo, pode executar bem e sem medo.

Viajar

Imagina dois ratos, daqueles de desenho animado. Vivem num buraco perfeitamente cavado no rodapé de madeira de uma casa qualquer. Dividem as contas, batem um papo de noite e dormem por ali, mas são inseguros. Precisam de sorte pra se alimentar: se cair alguma migalha de comida ali pelo chão, ou se os donos da casa deixarem o jantar em cima da mesa, ali pertinho, tá tudo certo. Caso contrário, passam fome. Eles nunca sabem o dia de amanhã.

Eis que um dos ratinhos decide buscar novos horizontes. Fala para o outro que vai sair por aí, tentar entender melhor o que acontece na casa e perto da toca deles. Vai procurar outros lugares onde encontrar alimento. Ele se prepara e passa algumas horas fora. Descobre a cozinha, um paraíso cheio de maravilhas para se comer. Mapeia os lixeiros orgânicos da casa e vê diversos sacos com restos de comida do lado de fora, amontoados junto com os restos de comida dos vizinhos. O ratinho fica feliz e começa a se culpar. "Mas por que a gente não saía da toca, enquanto tinha tanta coisa pra ser descoberta aqui fora?", se pergunta.

Ele volta para a toca cheio de confiança. Explica pro outro ratinho tudo o que viu e conta que dar um rolê pela casa nem é tão difícil assim. Desenha um mapa das agora diversas fontes de comida e traça um plano de coletas. Ousado, defende a ideia de que é possível até armazenar um rango na prateleira pros dias mais difíceis. Porém, o segundo rato ouve tudo com muito ceticismo.

Escuta o depoimento, mas não acredita que o mundo lá fora possa ser tão bom. E mesmo que seja bom, tem medo: e se os donos da casa vierem atrás de mim com uma vassoura? E se eu me perder? Ele adota uma postura conservadora e questiona a nova postura confiante do primeiro ratinho. Mas o primeiro ratinho continua confiante.

Muitos dos assuntos que abordo aqui no blog acabam falando sobre viagens. E não é pra menos. Viajar teve um impacto gigantesco na minha vida e acredito que tem o potencial de beneficiar qualquer pessoa de forma positiva. A analogia dos ratinhos não quer dizer de forma alguma que o que tem lá fora é melhor, apenas diferente. Para mim (e para um dos ratinhos) viajar ajudou muito em como desenvolver autoconfiança.

Viajar te bota numa situação de desconforto onde você é obrigado a tentar novas soluções. Muitas vezes, é obrigado a fazer algo dar certo - e sem ninguém para te ajudar. Por outro lado, ajuda muita gente a se descobrir, porque tira a pressão social de ter pessoas que você conhece por perto. Fui lá pra fora, passei perrengue e dei a volta por cima. Experimentei coisas diferentes, vi que as coisas que tomava como certas na minha vida no Brasil não eram tão certas assim e que há jeitos diferentes de se viver. Com essa injeção de experiência e conhecimento, veio uma confiança maior. Por botar a cara no mundo e enfrentar desafios. Viajar é uma das formas de ...

... ser o senhor da própria vida

Algo que fez muita diferença pra mim foi depender menos dos outros. Para decidir o que queria na faculdade, com sorte não ouvi meu pai e fiz os cursos que acreditava serem os melhores pra mim na época. Hoje acho que errei em ambos, é verdade, mas foram decisões só minhas (e talvez seguindo o conselho de outros o resultado fosse pior).

Quando viajei pela primeira vez, fui para os EUA sem casa e sem emprego, consegui me virar sem ajuda dos pais pela primeira vez na vida, juntei minha própria poupancinha e comprei minhas coisas com meu dinheiro. Quando fui morar na China, me transformei de verdade. Passei de moleque à homem. Tomei as rédeas da minha vida e passei a não depender de mais ninguém pra nada. Fazer o que eu quiser e depender só de mim mesmo pra qualquer coisa, sem dever nada a ninguém, me fez andar de cabeça mais alta, bem mais confiante.

Há diversas formas de viver a vida. Uma das que menos gosto, mas que muita gente segue quase sem querer, é depender dos outros e fazer o que é socialmente mais aceito que você faça. A que mais me agrada é fazer o que você quer fazer e depender só de si mesmo.

Sentar no banco do carona e deixar o motorista decidir o caminho ou ser o motorista e dirigir pra onde você quer ir - adivinha qual das duas opções desenvolve mais a sua autoconfiança?

Interpretar certo

Esses dias eu estava aqui animadão com o site. "Pô que legal, uma galera gostou do último post!". "Será que tá na hora de mudar o layout, de comprar um domínio, de abrir pra outras pessoas postarem textos também?". Fazia planos pro blog e estava feliz... até que encontrei um site com uma pegada semelhante.

Esse outro site parecia bom pra caramba. O visual era 10x mais bonito que o do doisbits, parecia bem profissa, tinha uma porrada de colaboradores, os textos eram muito bem escritos e recebiam muito mais comentários, tinham dezenas de compartilhamentos e por aí vai. Fiquei uma meia hora navegando por aquele site e fazendo crescer um sentimento horrível dentro de mim. Comecei a me sentir mal e saí da frente do computador.

"Mas put* que o pariu, olha esse site com uns textos tão bacanas como os que procuro postar no doisbits, mas feito de forma muito mais legal do que eu faço... que merd*!"

E fiquei nessa por um tempo. Fui na cozinha e lavei a louça para espairecer (aliás, recomendo essa prática). E lá, enquanto fazia força para esfregar uma panela queimada de óleo, me perguntei se aquele era o jeito certo de encarar as coisas. "Pera aí. O cara manda bem, mas isso quer dizer que eu mando mal?". Parei de esfregar e um clarão me veio à cabeça.

Como desenvolver autoconfiança
A coisa muda conforme a lente
Ficou muito claro que a forma de interpretar o que eu tinha acabado de ver alterava completamente o que eu tinha acabado de ver.

Nada na nossa vida existe de forma absoluta. Tudo que vemos, ouvimos, lemos e provamos é fruto da existência daquela coisa SOB O NOSSO PONTO DE VISTA. É a história do copo meio cheio ou meio vazio voltando a bater na porta. É melhor achar que o doisbits é ruim porque outro site semelhante é mais bem sucedido, ou enxergar o semelhante como um bom futuro pro doisbits, como uma fonte de inspiração? A escolha entre essas duas interpretações só cabia a mim. Uma me botava para baixo e me desmotivava, enquanto a outra gerava um efeito contrário. Agora, depois de ter passado por essa reflexão, posso afirmar que foi muito melhor procurar ver o lado bom.

Como desenvolver autoconfiança


Isso sem contar que ....

Acreditar

... o mundo já é cheio de gente falando que você não vai conseguir fazer nada, que é tudo difícil e só sendo muito bom pra conseguir o que você quer. Você sabia que a J. K. Rowling, que escreveu Harry Potter, bateu na porta de 12 editoras antes de encontrar uma que acreditasse no seu trabalho? O Dr. Ivan Joseph contou essa história e complementou bem:

"Escrevo um livro e chego todo confiante na porta das editoras. Depois de um ou 2 nãos, penso 'droga!'. Depois de uns 6 ou 7, 'talvez não role...'. Definitivamente depois de 9 ou 10 buscaria mudar de profissão ao invés de ser escritor".

Claro que há um ponto em que o universo diz que você está fazendo algo errado, e até por ter ido tão longe, a Rowling é um ponto fora da curva, mas se você não for persistente e acreditar que é capaz, quem vai?

Como desenvolver autoconfiança
Foto clichê sobre autoconfiança. Mas vai dizer que não é boa?

Ter alguém em quem confiar

Fiquei na dúvida em acrescentar mais uma coisa, mas acabei deixando de fora. Em linhas gerais, ia contar como pra mim é importante ter alguém do lado para dar apoio, abraçar nos momentos felizes e nos tristes, dar conselhos e passar um pouco de confiança antes de eu apertar o "publicar" em cada texto do blog. No meu caso esse alguém é a patroa, mas também pode ser um amigo ou alguém da família. Pra mim faz toda a diferença, mas mantive fora do texto pois fugiria da pegada da AUTOconfiança, de buscá-la dentro de si mesmo, já que essa busca seria extrapolada a um terceiro. De qualquer jeito, fica a ressalva.

Esse é o fim do texto.

Quando o assunto é como desenvolver autoconfiança não há uma solução certa ou um botão de ligar e desligar. Cada um encontra formas diferentes. Espero que o que escrevi aqui possa ajudar você. E se não ajudar, no mínimo espero que a história do chinesinho valente que veio falar comigo tenha sido interessante.

Força nessa nuca para levantar a cabeça e manter o queixo longe do peito!


Instalei o Disqus como novo sistema de comentários do blog. Deu uns paus que eu não tava prevendo e acabei voltando com o sistema padrão do blogger. É simples, mas funciona redondinho. Um sistema de comentários bom é importante porque a parte mais legal de escrever é saber a reação da galera e interagir com quem lê. Se você chega até aqui e não deixa um comentário, é quase como se eu falasse com a parede, que escuta mas não responde. Você tem algum outro método de como desenvolver autoconfiança? Pode deixar o comentário como anônimo mesmo, não tem problema! Ou se preferir, fala comigo lá no twitter! ;)


27 comentários:

  1. Sensacional. Nunca tinha ouvido desse dr. Ivan Joseph, mas acho que o esporte é um lugar que a autoconfiança faz uma diferença clara. Não que em outras áreas não faça, mas no esporte é mais fácil de ver. Uma coisa que recomendo a todos para confiarem em si mesmo é gratidão. E não só ter gratidão, mas demonstrar isso. Agradecer pessoas, elogiar o trabalho de alguém que você curte é uma via que funciona nos dois sentidos: tanto você quanto a pessoa com quem você fala se sentem melhor. Imagine que todas as pessoas ao seu redor te desejam o melhor, porque você deseja o melhor pra elas. Não te dá mais confiança pra fazer o que quer?

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    1. Muito bem pensado, Bruno! Além de dar mais confiança, torna todas as relações muito mais agradáveis :)

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    2. Excelente lembrança, Bruno! De fato reconhecer e elogiar o que outros fazem é bom para os dois lados. Valeu pelo "sensacional". Abs!

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  2. Caramba, muito legal ! Esse é o tipo de mensagem que a gente precisa ver mais, porque as vezes a gente até sabe, mas se envolve na rotina, cai nos vícios de comportamento e esquece. Acho que pra tudo vale o jogo do contente, ver sempre o lado positivo das coisas. Só é dificil né haha Definitivamente ganhou uma leitora nova. Parabéns (:

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    1. De fato muitas das coisas que falo aqui precisam ser lembradas com regularidade. Às vezes o cara fica meio desanimado, por exemplo, e precisa ir lá no fundo da mente lembrar de aproveitar as pequenas coisas, ser otimista e tal.

      Tomara mesmo que continues lendo os textos por aqui, obrigado por comentar! ;)))

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  3. Salve salve, Pedro!!!
    Tudo beleza leitor/a do Pedro?!?!

    Como sempre um bom texto, que não surge como mágica no teclado, mas que é fruto de muito empenho, né Pedro? A gente sabe. Talvez nem todo mundo saiba disso, mas a gente sabe. ;)

    Uma coisa que me confundiu foi a legenda da foto do futebol: "Sem confiança, Fernando Torres fez uma jogada maravilhosa, perdeu sem goleiro e ficou marcado por isso". Me passa a impressão que ele errou por falta de confiança. Mas mesmo alguém autoconfiante pode errar. Eu diria mais, que só quem é autoconfiante, que se atreve, que não se deixa desanimar é que erra, pois tenta fazer. Quem está confinado no seu quarto tem poucas chances de errar. Então, só para esclarecer, me pareceu que você quis dizer que o Torres errou por falta de confiança, mas não penso que seja isso, afinal, sem confiança ele sequer teria chegado perto do gol. Marcar o gol está em outra esfera, além da autoconfiança. Acho isso.

    Abraços.


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    1. Não surge como mágica mesmo! Antes, via uma galera no YouTube comentando como dá trabalho e como horas são investidas pra se produzir um vídeo de sei lá, uns 5 minutos. O mesmo vale aqui pro blog. Dá pra ler um texto em 5 minutos, mas pra fazer com certeza demorei algumas horas. Legal saber que muita gente já tem essa noção. Valeu!

      Quanto ao Torres, acho que nós dois estamos certos. Na verdade o que faltou naquela legenda foi uma explicação maior mesmo. O Torres foi um dos melhores jogadores no campeonato inglês por anos. Chegou no Chelsea vindo de um rival, a peso de ouro (50 MILHÕES de libras) e não tava correspondendo em campo. A pressão era gigante pra ele ir bem, ser o artilheiro que sempre foi. Mas tava mal em campo. Aquele lance em específico marcou muito ele porque mostrou os dois lados da moeda: a qualidade ainda tava lá, já que se posicionou bem pra receber a bola e deu um baita drible, mas perdeu o gol sem goleiro. Sem dúvida ele poderia perder o gol mesmo que estivesse com a confiança nas alturas, mas com a pressão que tava sofrendo e a seca de gols, muita gente pegou aquele lance como exemplo pra apontar que algo estava errado com ele psicológicamente. Resumindo: acho que você tá certo, mas pelo contexto maior me parece que a forte pressão e a falta daquela confiança plena tiveram influência na finalização pra fora.

      Agradeço muito pelo comentário, parceiro! Obrigado!

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    2. Obrigado pelo esclarecimento! Não tenho interesse por futebol e desconhecia a trama dessa história. Ai sim faz, no quadro geral, faz sentido a questão da autoconfiança. E isso mostra que autoconfiança é apenas um passo, talvez o mais importante, pois é o primeiro passo, de uma longa caminhada. Uma vez que a autoconfiança te dá força para chegar ao holofotes. A questão é: uma vez que estejas iluminado pelas luzes da ribalta, como manter o espírito confiante? Como lidar com as falhas? Como se levantar a cada tropeço? São outros aspectos para abordares em novos textos. Abs.

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    3. Interessante os questionamentos que você levantou, Jeremias. Só pra fechar o assunto de futebol: muitas vezes vemos jogadores pra lá de medianos vivendo grandes fases, fazendo gols em sequência, enquanto por vezes jogadores de primeira classe vivem perdendo oportunidades e fazendo lambanças em campo. No esporte, a confiança talvez seja, junto com outros aspectos mentais (determinação, motivação, etc.), o que propicia situações onde atletas tecnicamente mais fracos vencem os mais fortes. E essa é uma das belezas do esporte, principalmente do imprevisível futebol. Abs!

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  4. Esse tema é bastante significativo para mim, meu caro... Sempre soube que tive um problema anormal com timidez, já fui até diagnosticado com fobia social, mas um belo dia decidi tomar as rédeas, e hoje sei que o que tenho é apenas timidez excessiva. Sabe quando fui criar coragem pra levantar a mão para pedir para a professora ir ao banheiro ou tomar água durante a aula? No final do último ano da escola... Essa timidez é como se fosse, em dado sentido, uma adicção que você pode até controlar mas jamais se livrar totalmente. Até hoje passo uns maus bocados naqueles primeiros minutos de apresentação pessoal em novas classes ou grupos. O tímido é justamente uma pessoa que carece de autoconfiança, e trava uma luta perene contra isso.

    Quando fala das vertentes da autoconfiança, penso que a primeira tem a ver com a inibição natural de qualquer ser humano ao novo, ao desconhecido ou à alta expectativa em torno; e a segunda já tem a ver com a personalidade, que é o resultado do seu temperamento e as vivências individuais e sociais – e é aqui que se encontra o objeto-problema.

    Quando a pessoa percebe que pode desenvolver em si habilidades como a autoconfiança e abandona o fatalismo derrotista, abre-se uma nova perspectiva para a vida. Como disse, minha timidez é um drama interminável, já tive vitórias que me deram a ilusão de que isso poderia não ser verdade, mas ela sempre me engole de novo... tudo mudou quando passei a entender que a luta contra ela é diária, não existe vitória definitiva enquanto não se passar dessa vida, e dessa forma então não existe engano ou falsa expectativa. Mas se ela não morre, ela também não mata. Todo seminário de apresentação é um sufoco, mas encaro um de cada vez, sempre repetindo a forma de superar.

    Sempre gostei de viajar desde pequeno, soava como um momento de aventura e talz. Mas hoje viajar pra mim é um drama: tanto pela insegurança quanto pelos problemas gastrintestinais (de origem psicológica na maior parte). Mas ao mesmo tempo experimento uma liberdade, me sinto tão eu em mim mesmo, que isso por si só é uma grande motivação, diria até que se trata de motivação por excelência, e seja qual for o resultado, bom ou ruim, frustração ou realização, será válido, pois a conta é minha, brother!

    Você bateu uma real aê quando disse “a forma de interpretar o que eu tinha acabado de ver alterava completamente o que eu tinha acabado de ver”. Quando se lida com realidades mentais temos que manter permanentemente uma autocrítica que nos livre de uma visão distorcida da realidade.

    O exemplo da J. K. Rowling me fez lembrar The Beatles, que no começo de tudo foram desencorajados a continuar pois seu trabalho supostamente não obteria sucesso no show business.

    O que posso dizer? Dependemos de sua autoconfiança para podermos continuar lendo esses textos, dialogando e fazendo esse intercâmbio de experiências, vivências e ideias.

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    1. Depois de ler, até comentei no Twitter que tem comentários tão fodas que sequer sei como responder. Mandou bem ao contar um pouco a sua história. É muito interessante não só pra mim, mas também pra outros que passam por aqui, entender o que acontece com outras pessoas e que no fundo compartilhamos muitos sentimentos parecidos, como aquele medão na sala de aula.

      Gostei particularmente de algumas coisas que você falou. "Quando a pessoa percebe que pode desenvolver em si habilidades como a autoconfiança e abandona o fatalismo derrotista, abre-se uma nova perspectiva para a vida", por exemplo. A importância disso é imensurável, sair de um estado de descrédito consigo mesmo pra passar a acreditar e buscar melhorar sua própria situação. Outra parte importantíssima: "tudo mudou quando passei a entender que a luta contra ela é diária, [...] Todo seminário de apresentação é um sufoco, mas encaro um de cada vez, sempre repetindo a forma de superar". Você colocou muito bem. As batalhas deste tipo que travamos são diárias e vão provavelmente durar a vida inteira. Vale pra questões como aproveitar as pequenas coisas da vida, parar de procrastinar, procurar ser mais positivo: o cara tem que se lembrar dessas coisas com frequência. Se não lembra, esquece e volta a procrastinar, a ficar desanimado e por aí vai.

      Quanto a J. K. Rowling e os Beatles, até penso em um dia reunir umonte de histórias bacanas do tipo e fazer um post. Eu pelo menos adoro ler casos do tipo.

      Mais uma vez, obrigadíssimo pelo seu comentário e por acompanhar sempre os posts! ;))

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    2. É verdade, se não vigiar cai novamente! Temos que adotar uma postura permanente de atenção com foco no eu e suas circunstâncias!

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  5. Mais um ótimo texto. Este tema, autoconfiança, é essencial para a vida agitada que temos nestes tempos atuais.
    Muitas oportunidades são perdidas por não acreditarmos no nosso potencial. As vezes falta isso para seguirmos em frente com algum projeto pessoal, conhecer uma pessoa bacana ou até comprar pão na padaria.
    Acho que o Pedro abordou bem o tema, com a palestra do professor, o caso do chines e a experiencia pessoal, que achei muito interessante.
    assim como o Darley comentou, a timidez tambem fez parte da minha vida, mas hoje em dia eu consigo anular bem esta maldita. Tanto é que virei professor de História, encarando um monte de gente em sala, dos mais variados tipos ( apesar de ganhar pouco, curto fazer isso) o que muita gente que me conhece desde novo achava impossivel para mim.
    Mas, me encaixo na parte do texto que vc escreve:"'A repetição leva à perfeição" não só porque você ficou bom na parada, mas porque você tem confiança de que, sendo bom naquilo, pode executar bem e sem medo". não que eu seja perfeito no que faço, longe disto, mas, eu treino e estudo bem para falar alguma coisa, e esta preparação me da a confiança nescessária para fazer as coisas, e acho que isso é fundamental em qualquer area.
    Um abraço e desculpa a demora em comentar.

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    1. Que bacana você ter conseguido superar a sua timidez ao ponto de virar professor. Adorei o seu comentário! Muito obrigado por contar a sua história e participar por aqui! Só não precisa pedir desculpas por nada, né! ;))

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    2. Parabéns pela história de superação! Conheci um professor de História uma vez, no curso de Pedagogia, que era mestre da oralidade, ele sempre levava consigo um livrão de História do Brasil e outro de História da Amazônia. O detalhe é que ele nunca usava-os: passeava por todos os espaços da sala, na frente, nas laterais, entre as filas, e sempre explicando os fatos históricos como se estivesse contando um "caso que ocorreu logo ali". E eu que sempre fui mais bem sucedido com textos redigidos do que falando, acabei me superando em um dos seminários e ganhei um elogio dele! Cara, como queria ter facilidade pra falar como aquele cara, busco ter sempre em mente isso.

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    3. obrigado galera.
      Eu gostei deste professor Darley, procuro justamente isso nas minhas aulas, tornar a matéria como uma experiencia que faça algum sentido para o aluno. Me empenho nisto, para não ser aquele chato que manda ler um capitulo do livro e fazer a questão. Um dia eu chego lá. Abraços!

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  6. Autoconfiança é um problema pra mim. Ao mesmo tempo em que tenho receio de fazer algo, eu consigo alimentar um KI que me torne capaz de fazer algo. Sempre digo que sou 45% medo e 55% confiante. Oscila, sem dúvidas. Oscila de acordo com as situações que estou envolvidos no momento. Não tenho problemas para falar o que penso, depois de analisado, para pessoas que fazem parte da roda de amigos, familiares ou conhecidos. Para estranhos não me comprometo nem em falar, só observo.

    Concordo que a autoconfiança pode ser treinada. Em quatro anos no curso de ensino superior (administração) com zilhões de apresentações de trabalho, compreendi quais são as coisinhas que vão me tornar calmo para chegar lá e falar o que tenho que falar. Somado a essa autoconfiança para falar em público ainda existe o momento de dabate. Sendo direto com as "palavras certas" consigo responder as perguntas sem medo ou tom de inimizade. Foi um treinamento não planejado que me faz gostar de apresentações.

    Gosto de seus textos e sou encantando com esse layout. Se os planos de abrir para autores externos perdurarem, estarei acompanhando para contribuir. Quanto a mim e ao problema de "confiante/não confiante" ao mesmo tempo, já iniciei planos e fiz agenda para exploração de terras em viagens. Ainda tenho problemas de ir em determinados lugares sozinhos e quero eliminar isso! Sei que a autoconfiança existe, só preciso praticar mais. Vou pra rua igual o chinês!

    Abraço \ó

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    1. Quando saio com meus amigos, falo umonte de besteiras, dou opinião em tudo sem medo. Já quando vou pra algum lugar com menos gente que eu conheço e me vejo rodeado com amigos de amigos, não me comporto da mesma forma. Acho que essa diferença de comportamento frente à gente conhecida X gente desconhecida é bem normal porque é terreno novo, desconhecido, não sabemos como os outros pensam e se comportam.

      Bacana a sua superação ali com as apresentações e fico lisonjeado em saber que teria interesse em colaborar com o 2Bits. Ainda não me decidi sobre isso, mas caso eu decida falo lá no twitter! Obrigado por comentar, brother! ;))

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  7. Numa fase em que eu tô buscado solidificar um pouco mais essa minha, ainda frágil, autoconfiança topar com esse texto foi uma grata coincidência. Sempre gosto do que leio quando dou uma passada pelo blog, parabéns pelo texto e pelo ótimo trabalho.

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    1. Fico feliz que o texto foi útil pra você, cara! Muito obrigado pelas palavras e espero que continue passando por aqui de vez em quando! Abraço!

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  8. Cara, texto muito bom, adorei a analogia feita com os ratinhos, vc escreve muito bem, aliás, sobre a questão de layout e tudo mais, eu leio pelo celular, então, se for mudar futuramente, lembre de mim hahaha,(não sei se tem muito a ver), mas enfim, difícil descrever a sensação que um belo texto cheio de positividade como esse traz, direto me pego lendo com um sorriso de canto de boca hahah

    Como sempre, Obrigado!

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    1. hahaha que puta comentário gostoso de ler, cara! Muito obrigado mesmo. E se for botar um layout novo, vou pensar em mobile sim. Meio mundo já faz tudo pelo celular, não dá pra ignorar. Valeu!! ;)

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